Dom Jaime Vieira Rocha Administrador apostólico da Arquidiocese de Natal
Queridos irmãos e irmãs!
Neste sábado, 4 de agosto, memória de São João Maria Vianney, a Igreja celebra o dia do padre. Este santo sacerdote é o patrono de todos os sacerdotes. A Igreja vê no Santo Cura d’Ars, o exemplo de humildade, de abnegação e de entrega ao serviço dos homens e das mulheres, dos pobres e necessitados. No Brasil, na dinâmica do mês de agosto, Mês Vocacional, o dia do padre é celebrado no primeiro domingo. É um dia especial para rezarmos e refletirmos sobre a vocação e a missão dos padres.
Proclamado patrono de todos os párocos do mundo, pelo Papa Pio XI, em 1929, celebrado pelos últimos santos papas, como São João XXIII, que lhe dedicou uma carta encíclica, “Sacerdotii nostri primordia” (“... as primícias do nosso sacerdócio”), no centenário de sua morte, em 1959, São João Paulo II celebrou, em Ars, na França, em 1986, o bicentenário de seu nascimento, Bento XVI proclamou o Ano Sacerdotal, por ocasião do 150º aniversário de sua morte, em 2009 e em 2019 Papa Francisco celebrou os 160 anos de sua morte, o Santo Cura d’Ars, como é conhecido, é uma inspiração para todos os presbíteros da Igreja Católica, especialmente a humildade, a simplicidade e a caridade. O Concílio Vaticano II afirma que o Sacerdócio ministerial não é um super poder que torna o presbítero um super-cristão, superior aos outros, mas é chamado a viver o seu ministério com as mesmas virtudes do seu patrono. Sim, o sacerdócio a que o padre é configurado parte do Sacerdócio comum a todos os batizados. De fato, o Batismo é o início dessa configuração, pois por ele todos os batizados são feitos participes do Sacerdócio de Cristo. “O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 10).
Hoje, são muitos os desafios e apelos dirigidos aos padres, aos levitas do Senhor. Diante da crise do compromisso comunitário, atestado pelo Papa Francisco, o padre é chamado a tomar consciência, a cada instante, de que é discípulo missionário e animador das comunidades, incentivador do discipulado e da missão. Ele é chamado a alimentar a sua fé, a viver uma espiritualidade missionária, a difundir a revolução da ternura, a combater um mundanismo espiritual, não somente em sua vida, mas também na vida dos outros agentes de pastoral, os outros discípulos missionários. O Papa Francisco recorda muito bem, na Exortação apostólica Evangelii gaudium: “o Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimento e suas reinvindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (n. 88).
O testemunho de fé e de coerência a que o padre é chamado, é sempre um serviço aos outros. Não é nem peso nem meio fácil de tirar proveito. Somente uma vida de serviço desinteressado pode gerar conversão e entrega à missão. Hoje, como é necessário insistir na formação humana, na consideração da dignidade da pessoa. Os padres são sobretudo homens, que indicam para nós a beleza do serviço e do dom da vida pelos outros.
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