
Diácono José Bezerra de Araújo
Assistente eclesiástico da Pascom
No princípio, o Senhor Deus criou o homem e a mulher, abençoou-os e disse: “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a”(cf. Gn 1,26-28); em seguida contemplou a obra criada “e viu que tudo era muito bom”(Gn 1,31). Pois bem, este homem, obra da criação divina, vem degradando incessante e irresponsavelmente a obra do Criador que, ao contemplá-la, definiu-a como “muito boa”. Tudo o que Deus criou e colocou à disposição do homem, também por ele criado, vem sendo depredada, não pelas criaturas irracionais, mas pelo ser racional.
Esta tem sido a razão pela qual a Igreja Católica no Brasil tem dedicado várias Campanhas da Fraternidade em defesa do meio ambiente. Afinal, é neste meio ambiente que o ser humano foi colocado e convidado por Deus a viver, cuidar e preservar, para dele usufruir e se alimentar. “O Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores de aspecto agradável, e de frutos bons para comer”(Gn2,9). Mas a criatura humana desobedeceu ao Criador e ainda hoje continua depredando o ambiente que Deus lhe concedeu para nele morar e dele colher “os frutos” para seu alimento.
O segundo objetivo específico da CF2025 propõe à Igreja, aos cristãos e aos homens e mulheres de boa vontade “denunciar os males que o modo de vida atual impõe ao Planeta”, gerando “uma complexa crise socioambiental à nossa “Casa Comum”(CF2025, pág. 7). Sem perceber, muitos dos seres humanos, principalmente os gananciosos, entre os quais estão alguns do agronegócio e exploradores ambientais, estão contribuindo para uma futura autodestruição da criação. As últimas e muitas catástrofes, inclusive no Brasil, “falam” alto, mas poucos “ouvem” esse “grito da Terra”.
A ganância pelo ter vem agravando esta situação. Recentemente vi uma charge muito interessante e que escancara exatamente este caminho da autodestruição. Era a figura de um ser humano conduzindo um caminhão carregado com toras de madeiras, e uma procissão de animais selvagens logo atrás, com que cabisbaixos, iluminada por apenas uma frase: “O funeral das árvores”. Pois bem, pode-se acrescentar que também se trata do futuro funeral dos seres vivos – árvores, animais e nós, os seres humanos. Engana-se quem acredita que os biomas – a Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, entre outros – dispõem de recursos inesgotáveis.
Para muitos dos que só querem acumular riquezas e lucrar explorando a Mãe Terra, essas campanhas são apenas centelhas alarmantes de pessoas que querem barrar o “progresso”. Mas, que progresso pode haver com a destruição do meio ambiente? Nenhum! Existe uma ciência chamada Ecologia – “parte da Biologia que se preocupa com o estudo das relações estabelecidas entre os seres vivos e destes com o meio ambiente em que vivem” – e que compreende, ao menos, três dimensões: Ciência, prática e nova mentalidade ou paradigma(CF2025, pág. 17). Há, pois, Ciência nos tratados sobre os temas das Campanhas da Fraternidade. Portanto, não seja um incrédulo ou “ateu ecológico”. Destruir o meio ambiente é o mesmo que cavar uma sepultura e iniciar a caminhada do próprio funeral e dos demais seres vivos, ainda em vida!