ARTIGO - A Virgem Maria: Corredentora? Medianeira? Mãe do Povo Fiel!
- pascom9
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Pe. Luiz Antônio Aguiar Vice reitor do Seminário de São Pedro
O Dicastério para a Doutrina da Fé publicou nesta última terça-feira, 04 de novembro de 2025, a nota “Mater Populi Fidelis” (Mãe do Povo Fiel), dedicada a esclarecer e valorizar os diversos títulos atribuídos à Virgem Maria ao longo da História da Igreja. O texto, aprovado pelo Papa Leão XIV no dia 07 de outubro, ressalta que cada título mariano brota da experiência viva da fé e da devoção popular, constituindo um autêntico patrimônio espiritual do povo de Deus. O documento recorda que “os títulos marianos são expressões legítimas do amor dos fiéis à Mãe de Deus” e que devem sempre conduzir ao essencial: Cristo, Filho de Maria e Redentor do mundo. A grande proposta do documento é orientar a devoção mariana, reafirmando a centralidade de Cristo e nortear sobre quais títulos expressam melhor a função de Nossa Senhora em relação à Igreja.
A devoção à Virgem Maria é parte viva da nossa fé cristã e esta devoção sempre nos leva, nos conduz a Cristo, o nosso Salvador e Mediador. Esta devoção a Virgem Santíssima muito nos ajuda na nossa caminhada de fé, pois, ela nos aproxima de Cristo. Nossa Senhora nos leva até Cristo, nos apresenta o Senhor. Não há, de fato, um lugar, uma aldeia, onde não exista uma igreja, ou um altar, ou um pedestal com uma imagem da Virgem Santíssima, pois, como ela mesma disse: “Todas as gerações hão de chamar-me de bendita (Lc 1,48).
Desta maneira, a nota do Dicastério quer enfatizar e preservar a importância da “cooperação materna” de Nossa Senhora. No entanto, os títulos de “Corredentora” e “Medianeira” são considerados inoportunos. Dos pontífices modernos, apenas São João Paulo II o utilizou, "em pelo menos sete ocasiões". Bento XVI já havia expressado uma opinião “negativa”, ainda como cardeal, e Francisco opôs-se firmemente: "Nossa Senhora não quis despojar Jesus de nenhum título". Assim, o texto busca purificar expressões ambíguas e fortalecer uma devoção mariana mais sólida, bíblica e cristocêntrica.
Mas, isso fere a nossa devoção mariana? Jamais! E o que a Igreja quer nos ensinar? O que o Mater Populi Fidelis realmente faz é colocar Nossa Senhora no seu justo lugar dentro do mistério da fé, ou seja, coloca-la como Mãe, intercessora e discípula perfeita; modelo de fé e de união com Cristo; a mulher que aponta sempre para seu Filho. A publicação ressalta que a presença e participação da Virgem Maria na obra salvífica do seu Filho, Jesus Cristo, está atestada nas Escrituras, enumerando diversos versículos em que a Mãe de Deus é mencionada, explicando também sua cooperação ativa em cada um deles.
O verdadeiro amor a Nossa Senhora não consiste em sentimentos estéreis, mas na vontade pronta e disposta de praticar tudo o que diz respeito ao serviço de Deus. Devemos invocar e imitar a Imaculada, cultivando sobretudo a pureza de intenção no nosso coração. Somos filhos e filhas prediletos de Nossa Senhora e um dia deveremos ser como muitos brilhantes da sua coroa. Mas é necessário que os brilhantes sejam límpidos e esplendorosos. Da mesma forma, nós também devemos purificar-nos, deixar-nos burilar, como se faz com as pedras preciosas.
Nossa Senhora não é uma figura distante; é Mãe que caminha com seu povo, que compreende nossas lutas e acolhe nossas dores; é presença próxima e amorosa, intercessora incomparável. Mãe do Povo Fiel, aquela que, com ternura, nos conduz ao seu Filho e nos ensina a responder “sim” ao convite de Deus sem hesitar. Ela, como “serva do Senhor” (Lc 1,38), orienta-nos para Cristo e pede-nos para “fazer tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).








