ARTIGO - A mãe está aqui
- pascom9
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Por Ir. Vilma Lúcia de Oliveira, FDC
Membro da Congregação das Filhas do Amor Divino, Historiadora,
Professora, Coordenadora Geral do Arquivo Metropolitano
da Arquidiocese de Natal, Membro da Comissão de Cultura e Educação,
Coordenadora da Subcomissão de Bens Culturais da Igreja
Ela está aqui. Não precisa dizer nada. Basta olhar para o rosto do povo, para os nomes das ruas, para os cantos que ecoam nas madrugadas de novena. Basta ver a vela acesa no canto da sala, a imagem na parede, o terço entre os dedos calejados. Maria está aqui. E o povo sabe disso.
Em quase metade dos municípios da Arquidiocese de Natal, ela é chamada de padroeira. Nossa Senhora da Conceição, da Apresentação, das Dores, da Esperança, da Piedade, da Imaculada e Mãe dos Homens. Cada nome, uma história. Cada título, uma dor acolhida. Cada festa, uma esperança renovada.
Ela está nas romarias do sertão, nas ladainhas do agreste, nas procissões do Potengi, nas lágrimas da Salineira. Está também nas jangadas da costa, nas capelinhas à beira-mar, nas mãos calejadas dos pescadores que rezam antes de partir. Está nas mulheres que rezam pelos filhos, nos olhos dos idosos que esperam consolo, no silêncio dos doentes que pedem força. Está no coração dos que lutam contra a desigualdade social, o tráfico de pessoas, a seca, a fome, o abandono. Maria está aqui. E não é por acaso.
A Bíblia fala dela com delicadeza e profundidade. Quando o anjo a visita, ela questiona, mas responde com coragem: “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38). Quando visita Isabel, leva consigo a presença de Deus. Quando Jesus está na cruz, ela permanece de pé (Jo 19,25). E quando os discípulos estão reunidos em oração, ela está com eles (At 1,14). Maria é mulher de fé, de silêncio, de presença.
A Igreja também reconhece isso. O Concílio Vaticano II diz que Maria é “modelo da Igreja na fé, na caridade e na perfeita união com Cristo” (Lumen Gentium 63). O Papa Paulo VI, em Marialis Cultus, nos lembra que a devoção a Maria deve nascer da vida, da liturgia e da Palavra. E o Papa Francisco, em Evangelii Gaudium, afirma com ternura: “Maria é mãe da evangelização” (EG 286).
E talvez seja isso que o Espírito esteja revelando: que a Arquidiocese de Natal tem um rosto próprio. Um rosto carismático e profético. Um rosto eminentemente mariano. Uma Igreja Particular que sonha com ações pastorais e missionárias inspiradas na ternura de Maria, na firmeza de Maria, na coragem de Maria. Uma Igreja que escuta como Maria, que acolhe como Maria, que caminha como Maria.
Esse sonho não é utopia. É chamado. É vocação. É sinal. Porque onde está a Mãe, há cuidado. Onde está a Mãe, há escuta. Onde está a Mãe, há esperança. E se o Sínodo é caminho, que seja com ela. Porque a Mãe está aqui. E nos chama a ser Igreja com o coração de Maria da Apresentação.








