Prezados leitores/as
Neste domingo, 5 de junho, a Igreja conclui o Tempo Pascal, com a Solenidade de Pentecostes. Celebrada a 50 dias depois da Páscoa, Pentecostes significa, para nós cristãos, a vinda do Espírito Santo, evento que se realizou naquele ano da morte e ressurreição de Jesus, e que se atualiza na vida dos seus seguidores, homens e mulheres de fé. O envio do Espírito Santo marcou, definitivamente, a vida dos Doze e dos outros discípulos e discípulas do Mestre de Nazaré, fazendo com que eles compreendessem que formavam a Igreja do Ressuscitado, comunidade de salvação.
Quem é esse Espírito Santo que desce sobre eles, que “perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres — entre elas, Maria, mãe de Jesus — e com os irmãos dele” (At 1,14)? Em primeiro lugar, o Espírito Santo é enviado por Jesus, prometido pelo Pai: Lc 24,49: “Eis que eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até serdes revestidos da força do Alto” (Lc 24,49; cf. At 1,5.8). A promessa divina consiste em que os discípulos serão batizados com o Espírito Santo (cf. as palavras do Batista, em Lc 3,16: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. No Evangelho segundo São João encontramos várias passagens onde Jesus fala do Espírito Santo: Jo 14,16s.26; 15,26; 16,7 o Espírito Santo é chamado de “o outro Defensor”; Jo 15, 26; 16,13 o Espírito Santo é o “Espírito da Verdade”. Eis que a promessa se cumpre no dia da Ressurreição do Senhor: Jo 20,22. Jesus ressuscitado entrega o Espírito Santo aos apóstolos. Ele é o Messias, portador do Espírito, que doa o seu Espírito aos seus seguidores.
O que faz o Espírito Santo? Além de ser o “Espiritus Creator” tanto da realidade das coisas (cf. Gn 1,2: o Espírito de Deus pairava sobre as águas), como da realidade do homem, criado à imagem e semelhança de Deus – cf. Gn 1,26-27, que recebe a vida do “sopro” de Deus, o Espírito Santo (cf. Gn 2,7: “... soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e ele tornou-se um ser vivente”), de ter inspirado os profetas do Antigo Testamento, de ser prometido pelo próprio Deus (cf. Jl 2,28-29// 3,1-2; Ez 36,25-27; 39,29), de ser suplicado pelo fiel com coração contrito (cf. Sl 51, 13), de ser reconhecido como aquele que renova a face da terra (cf. Sl 104,30), o Espírito Santo gera a comunhão e faz acontecer a missão. A partir do dom Espírito aos apóstolos e discípulos e discipulas, a Igreja se desenvolve com comunidade ungida para continuar no mundo a missão de Jesus.
É o Espírito Santo que realiza a graça da comunhão. Nós o invocamos na celebração da Eucaristia, modelo e paradigma de nossa vida de oração. Em todas as Orações Eucarísticas que rezamos há sempre a invocação (“Epiclese”) do Espírito Santo, como por exemplo a IV Oração Eucarística: “Por isso, nós vos pedimos que o mesmo Espírito Santo santifique estas oferendas, a fim de que se tornem para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso...”. toda a nossa oração deve seguir o modelo eucarístico: começar invocando o Espírito Santo, pois Ele faz acontecer a comunhão nossa com Deus e entre nós, na segunda invocação, após a Consagração do Pão e do Vinho: “E nós vos suplicamos que, participando do Corpo e Sangue de Cristo, sejamos reunidos num só corpo” (MISSAL ROMANO. Oração Eucarística II).
O Espírito Santo acompanha a Igreja, realizando nela a missão de Jesus. Por isso, temos que compreender que Ele é “a alma da Igreja”, Ele a conduz, tornando-a Igreja de Deus, Igreja na força do Espírito.
Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal