ARTIGO - Salve Maria Santíssima
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Diácono Paulo Gabriel Batista de Melo
Capelania Nossa Senhora do Loreto
Ordinariado Militar do Brasil – Parnamirim (RN)
São Luis de Montfort, no Tratado da verdadeira devoção, afirma no parágrafo 30, da página 18, que “Por isso, os réprobos, os hereges, os cismáticos, etc., que odeiam ou olham com desprezo ou indiferença a santíssima Virgem, não têm Deus por pai”, não pode amar.
O Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem por São Luiz Maria Grignion de Montfort, nos alerta muito sobre a verdadeira devoção. O cuidado e o carinho para com aquela que Deus escolheu para ser Mãe do Filho, esposa do Espírito Santo e filha do Pai.
Ele nos afirma ainda o seguinte no parágrafo 50, que já estamos nos tempos finais, e por este motivo, Deus, irá revelar definitivamente aquela que na humildade Ele escolheu:
50. Deus quer, portanto, nesses últimos tempos, revelar-nos e manifestar Maria, a obra-prima de suas mãos:
Montfort nos diz que Maria Santíssima é a obra-prima de Deus, sendo oculta em humildade para os propósitos de Deus.
l° Porque ela se ocultou neste mundo, e, por sua humildade profunda, se colocou abaixo do pó, obtendo de Deus, dos apóstolos e evangelistas
não ser quase mencionada.
2° Porque, sendo a obra-prima das mãos de Deus, tanto aqui em baixo, pela graça, como no céu, pela glória, ele quer que, por ela, os viventes o louvem e glorifiquem sobre a terra.
3º Visto ser ela a aurora que precede e anuncia o Sol da justiça, Jesus Cristo, deve ser conhecida e notada para que Jesus Cristo o seja.
Se Jesus veio por Maria sua Mãe, nós também iremos a Ele por ela também.
4º Pois que é a via pela qual Jesus Cristo nos veio a primeira vez, ela o será ainda na segunda vinda, embora de modo diferente.
Diz ainda, que ela é o caminho mais seguro para se chagar a Jesus.
5º Pois que é o meio seguro e o caminho reto e imaculado para se ir a Jesus Cristo e encontrá-lo plenamente, é por ela que as almas, chamadas a brilhar em santidade, devem encontrá-lo.
Afirma o santo mariano, que nestes tempos finais, Maria Santíssima, vai brilhar mais do que nunca, sua misericórdia será usada por Deus para o maior número de almas salvas por sua poderosa intercessão, a fim de resgatar as almas pecadoras, que voltarão para a Igreja Católica.
Em especial seu poder será forte e aplicado “contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos (seguidores do Islamismo, támbém conhecidos por islamita, muçulmano, mouro, agareno, mafamede, mafamético), judeus e ímpios empedernidos”, em especial com estes porque serão eles “que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários”.
Diz o santo Montfort que isto tem que ocorrer porque seu esplendor vai “animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por seus interesses”, estes irão nos últimos tempos dar o testemunho de Jesus. Cf. Ap 12, 17.
No parágrafo 50, item 7, Montfort afirma que sabendo o Demônio que lhe resta pouco tempo, intensificará a perseguição e os ataques.
Montfort, no parágrafo 51, diz que:
É principalmente a estas últimas e cruéis perseguições do demônio, que se multiplicarão todos os dias até ao reino do Anticristo, que se refere aquela primeira e célebre predição e maldição que Deus lançou contra a serpente no paraíso terrestre.
Sendo sabedores disto, os cristãos devem intensificar sua intimidade com a Mãe, pois, é ela que defenderá seus filhos nestes tempos de forte agressão. A serpente vai tentar morder o calcanhar da mulher, mas sabe que a mulher vai esmagar sua cabeça, sabendo que esta mulher em específico é a Mãe de Jesus, ela e somente ela, terá poderes para tal.
O único ódio que Deus aceita é o ódio ao pecado, e consequentemente ao Demônio, a “antiga serpente, Satanás”. Cf Ap 12.
Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irreconciliável, que não só há de durar, mas aumentar até ao fim: a inimizade entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio.
Grande é o orgulho de Satanás, e sua maior humilhação é “ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade o humilha mais que o poder divino”, nada é mais terrível para ele do que um suspiro da Virgem por uma alma. Ainda que a contra-gosto, relatado pelos demônios em muitas exorções, “infunde-lhes mais temor um só de seus suspiros por uma alma, que as orações de todos os santos; e uma só de suas ameaças que todos os outros tormentos”.
É necessário esse poder, pois Satanás em desespero último, usará de todas as suas maquinações para nos atingir, se não fosse a Virgem Santa, ele nos trucidaria.
O Filho de Deus em sua sabedoria eterna, foi gerado no Santo Ventre de sua Mãe. Jesus nem precisa humilhar Satanás, ele já o é pelo nome de sua Mãe e de São José, considerado o terror dos demônios pela Santa Igreja.
Montfort nos alerta no Tratado, parágrafo 53, “o que Lúcifer perdeu por orgulho, Maria ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu pela desobediência, salvou-o Maria pela obediência”. Eva acabou por erro obedecendo ao Demônio, mas Maria Santíssima (a segunda Eva) foi obediente a Deus, Jesus (o segundo Adão) foi obediente ao pai em tudo, “até a morte e morte de cruz”. Essa inimizade não foi colocada por Deus somente entre Eva e a serpente, mas entre toda a sua posteridade, logo nos afeta, e sabendo disso, ele continua a nos atacar.
Das muitas denominações demoníacas como antiga serpente, diabo, Satanás, Montfort nos lembra mais algumas como filhos de Belial, os escravos de Satã, e ainda os amigos do mundo. Diz ainda o santo mariano que é o mesmo tentador que fez Caim matar A bel, Esaú perseguir Jacó, Saul perseguir Davi, Herodes matar os inocentes...
Montfort questiona quem serão os servos de Maria Santíssima nos tempos finais, “Mas quem serão esses servidores, esses escravos e filhos de Maria?”, nós seremos estes ministros que servirão ao Senhor em Maria sua Mãe, “serão ministros do Senhor ardendo em chamas abrasadoras, que lançarão por toda parte o fogo do divino amor”.
Serão (Sl126,4) - flechas agudas nas mãos de Maria todo-poderosa, prontas a traspassar seus inimigos. Serão filhos de Levi, bem purificados no fogo das grandes tribulações, e bem colados a Deus, que levarão o ouro do amor no coração, o incenso da oração no espírito, e a mirra da mortificação no corpo e que serão em toda parte para os pobres e os pequenos o bom odor de Jesus Cristo, e para os grandes, os ricos e os orgulhosos do mundo, um odor repugnante de morte.
Os apóstolos dos últimos tempos, afirma Montfort, serão alimentados pela Palavra e ela será a sua arma, “terão na boca a espada de dois gumes da palavra de Deus”, também usarão “em seus ombros ostentarão o estandarte ensanguentado da cruz”, para lhes lembrar o Calvário de Jesus, “na direita, o crucifixo”, e para lembrar de Nossa Senhora “na esquerda o rosário”, e o mais importante levarão “no coração os nomes sagrados de Jesus e de Maria”, mas o testemunho é o que será mais forte, “em toda a sua conduta, a modéstia e a mortificação de Jesus Cristo”, porque dar o testemunho de Cristo é necessário ao cristão. Cf. Ap. 12, 17.
Nos tempos finais, surgirão homens enviados por Deus que serão grandes, afirma Montfort no capítulo primeiro do Tratado, e eles serão ‘suscitados’ pela Virgem Santa, e estarão em obediência a Deus, assim, seu império mariano se espalhará pelo mundo, vencendo heréticos, ímpios, idólatras e maometanos, porém, somente Deus sabe o dia e a hora do fim, até lá ORAR E VIGIAR.
O santo mariano nos alerta que devemos nos conformar ao Cristo, pois, “Fora dele tudo é ilusão, mentira, iniquidade, inutilidade, morte e danação”. Vivemos no mundo do engano em que se pode perder para sempre a vida eterna, e como disse Jesus, de que nos adianta ganhar todo o mundo se perdermos a vida eterna. Cf. Mc 8, 36.
A rica espiritualidade Montfortina, quer fazer mais conhecida e amada, o nome glorioso de Maria Santíssima, ele chega mesmo a questionar tristemente sobre isto ao dizer: “meu amável Mestre, não é triste e lamentável ver a ignorância e as trevas em que jazem todos os homens na terra, a respeito de vossa Mãe santíssima? Por isto, ele se empenhou tanto nos escritos do Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, escritos por ele mesmo, São Luiz Maria Grignion de Montfort, Luiz (seu nome) Maria (pela devoção a Santíssima Virgem) Grignion (sobrenome de sua família) de Montfort era a cidade em que viveu. Até seu nome precisa ser estudado.
A Santa Sé Apostólica, em seu jornal Vatican News, apresentou uma matéria linda sobre este santo que creio logo será Doutor da Igreja. Ele certamente é o santo que mais levou pessoas a se consagrarem a Nossa Senhora.
O jornal nos mostra seu pensamento, poderíamos resumir sua vida e obra com uma frase sua que nos ensina toda a sua espiritualidade.
“Eu não acho que uma pessoa possa ter uma união íntima com Nosso Senhor e uma perfeita fidelidade ao Espírito Santo, sem não tiver uma grandíssima união com a Santíssima Virgem”. Eis o fundamento da espiritualidade de Luís Maria Grignion de Montfort.
Se quisermos ser perfeitos, ninguém se aproximou mais desta perfeição do que a Mãe do Redentor, ao dizer que “Toda a nossa perfeição - escreveu – consiste em ser conforme, unidos e consagrados a Jesus”; imitar Maria quer dizer seguir “a criatura mais conforme a Jesus”, este era seu pensamento. Queria tornar o nome de Maria Mãe de Deus - Teotókos – definido pelos padres conciliares, mais conhecida e amada em todo mundo.
Este santo, com nome Luís Maria Grignion, na cronologia de nascimento, ele foi o segundo de dezoito filhos, uma família extremamente abençoada, ele nasceu no dia 31 de janeiro de 1673, na localidade de Montfort-sur-Meu, em uma família da antiga Bretanha, de berço profundamente cristão. Embora, ali tenha vivido poucas semanas, após ter recebido o batismo um dia depois do seu nascimento.
Ele não era oriundo de uma família abastarda, e mesmo assim, tinha uma Predisposição à vida interior contemplativa de grande riqueza mariana, e Apesar das enormes dificuldades econômicas, quando completou os 12 anos, ele frequentou o colégio jesuíta de São Tomás Becket, em Rennes, depois disso, mudou-se para Paris, ali ele entrou para o seminário de São Sulpício, e ainda conseguiu estudar na renomada na Universidade Sorbonne, berço da elite europeia.
Quando ele foi ordenado, com 27 anos, em 5 de julho de 1700, era o dia de Pentecostes, festa judaica festejada pelos cristãos Católicos, foi ordenado sacerdote.
Nos lembra ainda Jornal Vatican News, que algumas pessoas que foram testemunha ocular de sua ordenação afirmaram que, “ele permaneceu o dia inteiro em adoração”, segundo as testemunhas como “um anjo diante do altar”. O que as pessoas relatavam de suas celebrações e adorações, era de tanta piedade, que mais parecia um ajo em adoração a Deus no céu, o que era motivo do aumento da piedade entre as pessoas.
A Europa vivia como hoje, tempos muito difíceis, e era preciso defender a fé Católica da grande heresia jansenista, que se alastrava pelo continente. Ele não era somente um recluso em oração, era também de muita ação, pastoral comunitária, e assim, ele travou grandes embates contra diversas seitas citadas pelo jornal, dentre elas, “o racionalismo, protestantismo, galicanismo e o difuso jansenismo”.
Como primeira tarefa, foi designado a ser capelão do hospital de Poitiers, tarefa que desempenhou com muito amor. Pois segundo o jornal, “era muito amado pelos doentes e pobres”, e qual era o motivo dos doentes gostarem tando do padre mariano, “devido ao seu zelo missionário e dedicação incondicionada, o que causou inimizade entre alguns sacerdotes, pelo seu comportamento excêntrico. Por isso, teve que deixar o cargo”, e infelizmente, o carreirismo na Igreja existe. Sem holofotes muitos não querem o ministério ordinário, sem uma rica paróquia que lhe banque o luxo, aliás muito disputadas na época, nem se ia querem servir a Jesus, é provável que ainda exista isso entre alguns, que não entenderam a mensagem do Evangelho.
Ele realizou muitas peregrinações a pé firme, encarado como Missão Popular, dentre elas uma que fez para Roma durante dois meses, isso ocorreu em 1706, na qual “recebeu o título de “Missionário Apostólico” do Papa Clemente XI”, pois grande era seu ardor, e isto era visível ao santo padre da época, “do qual recebeu também de presente um crucifixo de marfim, - que sempre o levou consigo – com o convite de se dedicar à evangelização da França”.
De Roma ele quis visitar a Santa casa de Loreto, onde se acredita que viveram a Sagrada Família de Nazaré, e por incrível que pareça ela não está na Terra Santa. Por um milagre, sem que se saiba como, quis a Providência Divina que a casa se mudasse, isso ocorreu há mais de 700 anos, para a Itália, onde está até hoje. É também conhecido como “o milagre da Santa Casa de Loreto”.
E porque fazia todo esse esforço e sacrifício? Pelo simples fato de que “ele era muito atraído pela vida de submissão de Jesus à Virgem na casa de Nazaré”, relata o jornal do Vaticano.
Por causa do ciúme e da inveja dos padres, por ver como os doentes amavam o Santo Monfort, ele não podia mais viver em Poitiers na França e voltou para a Bretanha, segundo o jornal da Santa sé.
Ele continuou a ser impedido na diocese de Poitiers. Por isso, dedicou-se à missão popular, entre os habitantes da zona rural da nativa Bretanha e da Vandea, e à edificação da Igreja, não apenas espiritual, mas também física, reconstruindo até algumas capelas.
Agora longe da fama de Poitiers, e de sua riqueza ele está em paz em um lugarejo, ali ele pode levar almas a Deus que é a grande missão da Igreja. A santa devoção a Mãe do Salvador é o que de mais forte existe na vida do santo monfortino.
Afirma Luís Maria que “A verdadeira devoção mariana é cristocêntrica”, nossa Igreja é Cristológica e cristocêntrica, mas não pode chegar a Jesus sem passar por Maria sua Mãe, pois, Deus quis servir-se dela para nos dar Jesus, ela é o caminho mais seguro para se chegar a Deus.
Seguir Maria para “encontrar Jesus Cristo”: esta convicção de Luís Maria transformou-se em uma pastoral, cuja centralidade era o culto à Virgem Maria, a propagação da oração do Terço e a organização de procissões e celebrações marianas.
Também nos lembra são Luís Maria Grignion que a cruz “fonte de sabedoria”, São Tomas de Aquino diz que aprendia muito mais rezando diante da cruz do que quando estudava nos livros. O Calvário é nos leva a fazer uma reflexão profunda sobre o mistério de Deus, por isso, a Via Sacra é indulgenciável, é a contemplação deste grande mistério. Também ao refletir o Calvário somos convidados a sermos o cristo sofredor, quando por vezes na vida passamos por momentos duros e difíceis. Não foi diferente com nenhum santo da Igreja, todos sofreram por amor a Jesus crucificado, e também ocorreu com São Luís Maria Grignion.
Luís Maria Grignion nunca fugiu da cruz; pelo contrário, não obstante a sua grande estima entre os fiéis, sofreu pela perseguição, dentro e fora da Igreja.O Bispo de Nantes, por exemplo, negou-se abençoar o Calvário que o sacerdote havia construído, com a contribuição de muitas pessoas, ao término da sua missão em Pontchâteau. A sua obra foi destruída e reconstruída, várias vezes: primeiro, sob o reinado de Luís XIV e, depois, durante a Revolução Francesa. Mas, o missionário nunca desanimou e comentava: “Se não pudermos edificar a cruz aqui, a edificaremos em nosso coração”.
Afirma Grignion, em uma frase que foi o tema do pontificado de São João Paulo II, “Totus tuus” que significa todo teu. Nos últimos dias de sua vida, aquele tão perseguido pela própria Igreja, como o foram muitos santos, foi chamado a pregar fortemente para combater uma seita que se espalhava na Europa, o jansenismo.
Nos últimos anos de vida, o santo fez pregações nas dioceses de Luçon e La Rochelle, a pedido dos respectivos bispos, abertamente contrários aos jansenistas.
Ele acabou por falecer em decorrência de uma pneumonia, aos 44 anos, no século XVIII a expectativa de vida era de 28,5 anos, então podemos dizer que para a realidade de 1716 ele teve uma vida longa. Antes de morrer, ele abençoou o povo, que em massa esperava a bênção.
No dia 28 de abril de 1716, enquanto participava de uma missão, São Luís Maria Grignion de Montfort faleceu de pneumonia, com a idade de 44 anos. Todo o povo se reuniu diante do seu leito de morte para receber a sua bênção.
O Papa Papa Leão XIII beatificau o santo, que foi canonizado, em 1947, por Pio XII. O próprio Papa João Paulo II, que o inscreveu no Calendário geral da Igreja, em 1996, e não tenho dúvida que em algum momento será declarado Doutor da Igreja.
Luís Maria Grignion foi beatificado, em 1888, pelo Papa Leão XIII e canonizado, em 1947, por Pio XII. O próprio Papa João Paulo II, que o inscreveu no Calendário geral da Igreja, em 1996, adotou para o seu Pontificado o moto “totus tuus”, extraído da sua espiritualidade.
Montfort fundou diversas congregações, seu tratado é o melhor tratado para consagração a Nossa Senhora, seguido por milhões de Católicos em todo mundo, e este foi redigido em 1712, sob a inspiração divina, para que a Mãe do Redentor seja mais conhecida e amada.
São Luís Maria Grignion de Montfort, fundador das Filhas da Sabedoria (1703) e da Companhia de Maria (1705), é recordado pelos seus escritos marianos, como o Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, redigido em 1712.
Com o propósito de esconder e desaparecer com esta belíssima obra, o inimigo de Deus encarregou-se de fazer desaparecer a obra, porém, Deus a revela cem anos depois, pois ela é parte de seu propósito para os tempos finais, onde a Mãe de Jesus será mais firmemente reconhecida e divulgada a sua devoção.
Esta obra permaneceu escondida em um cofre por 150 anos; ao ser reencontrada, em 1842, foi publicada no ano seguinte. Hoje, é traduzida em numerosas línguas, por ser o ponto de referência da espiritualidade mariana mundial.
Não é diferente em nenhum tempo, o diabo não é criativo, é repetitivo, e quando surgem as ideologias, como disse Jesus, “até os eleitos serão confundidos”. Também foi alertado pelo Mestre que no fim dos tempos haverá uma corrupção quase geral e quase ninguém terá mais fé.
Afirma o bem aventurado santo mariano que estes homens do clero, doutores da teologia, “Consideram o rosário, o escapulário, o terço, como devoções de mulheres, próprias de ignorantes, sem as quais se pode obter muito bem a salvação”. E alerta ainda para tomarmos cuidade e não permitir que se afronte a Mãe de Deus, seja que for, inclusive do clero. Fui professor de escatologia no seminário São Pedro, e havia um seminarista que fazia exatamente isto que o bem-aventurado Montfort disse, ele não se ordenou, mesmo tendo feito todos os anos do seminário, o reitor e os formadores não aconselharam sua ordenação. O perigo é eles se ordenarem e fazerem exatamente como o disse o bem-aventurado:
E se lhes cai nas mãos algum devoto da Virgem santíssima, que recita o seu terço ou pratica qualquer outra devoção mariana, mudam-lhe em pouco tempo o espírito e o coração: em lugar do terço lhe aconselham recitar os sete salmos; em vez da devoção à santíssima Virgem aconselharão a devoção a Jesus Cristo.
É forte o que disse o bem-aventurado Montfort, “Não presuma receber a graça de Deus, quem ofende sua Mãe santíssima", donde se pode concluir que não é possível chegar ao céu sem Maria Santíssima. Ela tem toda a graça como disse o anjo Gabriel “Ave cheia de graça”, ela é cheia, plena e isto porque foi a vontade de Deus.
O bem-aventurado Montfort nos diz que somos comparados pelo Espírito Santo à árvores plantadas ao longo das águas, galhos de uma videira, um rebanho e uma boa terra.
O Espírito Santo nos compara:
l° a árvores plantadas ao longo das águas da graça, nos campos da Igreja, árvores que devem dar seus frutos no tempo adequado;
2º aos galhos de uma videira de que Jesus Cristo é o tronco, e que devem produzir boas uvas;
3º a um rebanho cujo pastor é Jesus, e esse rebanho, deve multiplicar-se e dar leite;
4º a uma boa terra de que Deus é o lavrador, e na qual a semente se multiplica, rendendo trinta, sessenta, cem vezes mais. Jesus amaldiçoou a figueira estéril (Mt21,19) e declarou condenado o servo inútil que não fizera valer o seu talento (Mt25,24-30)
O bem-aventurado servo de Maria Santíssima, nos esclarece a diferença entre duas palavras, servidão e a escravidão. Embora, pareçam sinônimas e parecidas tem uma diferença clássica entre elas, em especial no contexto judaico. A que era mais comum entre os judeus era a servidão, ela ocorria um judeu se colocava a serviço de outro por um certo tempo, quando este tinha dívidas e não podia pagar ou era condenado pelos anciãos por alguma violência causada ao outro, recebendo determinada quantia ou recompensa ao final de sete anos, tempo máximo que se podia reter uma pessoa declarada serva.
Montfort faz esta distinção em seu tratado para o Católico entenda o que é ser servo e o que é ser escravo. É necessário entender a conceituação em especial dentro do contexto judaico.
São a simples servidão e a escravidão, donde a diferença que estabelecemos entre servo e escravo. Pela servidão, comum entre os cristãos, um homem se põe a serviço de outro por um certo tempo, recebendo determinada quantia ou recompensa. Pela escravidão, um homem depende inteiramente de outro durante toda a vida, e deve servir a seu senhor, sem esperar salário nem recompensa alguma, como um dos animais sobre que o dono tem direito de vida e morte.
Também faz questão de diferenciar as naturezas da escravidão, o santo Montfort no & 70 do Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, afirmando ele que elas podem ser:
1. Por natureza,
2. Por constrangimento e
3. Por livre vontade.
Diz o bem-aventurado Montfort no & 72 do Tratado, que “só a escravidão, entre os homens, põe uma pessoa na posse e dependência completa de outra”, por isso afirma o santo mariano que “nada há, do mesmo modo, que mais absolutamente nos faça pertencer a Jesus Cristo e a sua Mãe santíssima do que a escravidão voluntária”, e nos mostra ainda que foi Ele mesmo quem nos ensinou esta prática com sua vida, “conforme o exemplo do próprio Jesus Cristo, que, por nosso amor, tomou a forma de escravo”. Também a Mãe de Jesus, do Cristo (Theotokos do grego θεοτόκος que é um título grego que significa "portadora de Deus" ou "geradora de Deus") e da Igreja tornou-se escrava do Senhor, a ponto de dizer “faça-se em mim segundo a tua Palavra”, e esta Palavra se fez carne, e o “verbo era Deus”, também o Santo Concílio de Trento usa a expressão que somos ‘Servos de Cristo”.
REFERÊNCIAS
Uma relíquia única: a Santa Casa de Loreto https://padrepauloricardo.org/blog/uma-reliquia-unica-a-santa-casa-de-loreto. Acesso em 11 de abril de 2025.
S. Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero fundador da Companhia de Maria. https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/04/28/s—luis-maria-grignion-de-montfort. Acesso em 11 de abril de 2025.