ARTIGO - O Santíssimo Sacramento

Diácono Paulo Gabriel Batista de Melo       

Capelania Nossa Senhora do Loreto        

Ordinariado Militar do Brasil – Parnamirim (RN)

            Temos entre nós os modelos necessários à nossa santificação e caminhada de fé. Os mártires de Cunhaú e Uruaçu nos mostraram seu amor ao Santíssimo Sacramento, deram suas vidas e seu sangue pela fé católica e pela igreja. Por isso, buscar a santidade é um caminhar entre as rosas do Calvário e o Ressuscitado, não é uma tarefa simples, mas Jesus nos deixa belos exemplos de pessoas como nós que superaram terríveis obstáculos e que por isso foram declaradas santas, nossos mais belos modelos.

            Entre estes santos, um bem jovem, São Carlo Acutis, nos ensina que a “Eucaristia é a nossa estrada para o céu”, e ainda mais, nos mostra seus três amores brancos, e que são comuns a todos os santos, a saber:  o branco da Eucaristia, o branco da Virgem Maria e o branco do ancião de Roma (nosso Santo Padre, Vigário de Cristo na terra).

            A julgar pela invenção do Alemão Johann Gutenberg, que inventou a prensa de tipos móveis por volta de 1450, e que somente nos anos de 1452 a 1455 teve início a produção da primeira Bíblia do nosso planeta, podemos concluir que a igreja caminhou por 1500 anos somente com a Eucaristia, só os monges tinham a Bíblia, alguns poucos nobres letrados, uma vez que há relatos historiográficos de reis que não sabiam ler.

          Dessa forma, a nossa fé é cristológica, cristocêntrica, logo eucarística, e que segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, Maria Santíssima é a mulher Eucarística por excelência. O centro de toda a Igreja começa no partir do pão celebrado por Jesus na sua Última Ceia. Por isso, cada ser humano é uma preciosidade única, pois Deus nos ama pessoalmente e incondicionalmente.

            Para entendermos tão grande mistério, é necessário a cada um retirar-se de si mesmo, não dos outros, pois é no silêncio que encontramos a Deus. “O silêncio é a grande lição de Deus”, nos diz o Cardeal Robert Sarah em sua obra sobre o silêncio.

            -Quem estava com Maria na Anunciação?

            -Quem estava com Moisés na Sarça no Horeb?

            -Quem estava com Jesus ao subir o monte tantas vezes?

Moisés deixa o rebanho para se encontrar com Deus na sarça, Cf. Ex 3, 3, ele começa a se distanciar e sai, e Deus o chama pelo nome - “Moisés”  - “Eis-me aqui” Cf. Ex 3, 4, Moisés cobre o rosto, entra em si para ver Deus Cf. Ex 3,6, logo nos retiremos de nós mesmos, mas não do outro. Também Jesus deixa os apóstolos para orar, para retirar-se e falar com o Pai muitas vezes.

            Ratzinger (2011, p. 208) afirma que “os sacrifícios do templo – o centro cultual da Torá – estavam superados, Cristo tomara o seu lugar”, e mais ainda, ele diz que “com a cruz de Cristo, os antigos sacrifícios do templo estavam definitivamente superados”, dava-se início a um novo tempo, uma humanidade redimida pelo sangue do ‘Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’.

            Grande foi o sacrifício de Jesus por nós, e por isso mesmo, o zelo deve preceder nossa comunhão, como nos alerta a Redemptionis Sacramentum, pois o Magistério da Igreja sempre nos mostrou por diversos documentos, o zelo que devemos ter, mostrando que a Santíssima Eucaristia é o “maior bem espiritual da Igreja”, é o próprio Cristo. A reforma litúrgica ocorrida no Concílio Vaticano II, deu ao povo de Deus uma participação mais consciente, porém, “não podem passar em silêncio os abusos, inclusive de máxima gravidade, contra a natureza da liturgia e dos sacramentos”, não se pode banalizar a maior riqueza da Igreja, afirma a RS - Redemptionis Sacramentum - &

4. Para bem comungar a Eucaristia, é necessário conhecer quem é Jesus verdadeiramente, é necessário entender a disciplina dos sacramentos para não comungar em pecado, um alerta que nos fez a Instrução Redemptionis Sacramentum, & 7 dizendo que “os abusos não raramente se alicerçam num falso conceito de liberdade”. Por isso, remontando a Santo Agostinho, “amemos o amor como Ele quer ser amado”.

SALVE MARIA SANTÍSSIMA!

REFERÊNCIAS

MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. São Paulo: Paulus, 2010.

RATZINGER, Joseph. BENTO XVI, Papa. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2011.

RS - Redemptionis Sacramentum - INSTRUÇÃO DA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS SOBRE AQUILO QUE DEVE SER OBSERVADO E EVITADO ACERCA DA SANTÍSSIMA EUCARISTIA.