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ARTIGO - O encontro das Santas progenitoras


Diácono Paulo Gabriel Batista de Melo

Capelania Nossa Senhora do Loreto-  

Ordinariado Militar do Brasil – Parnamirim (RN)

 

É difícil encontrar melhores referências sobre a Mãe de Jesus do que as que nos foram deixadas por São Luís de Montfort, em especial no Tratado da Verdadeira Devoção a Maria Santíssima. As santas progenitoras de Jesus (Maria Santíssima) e de São João Batista (Santa Isabel) tem um encontro quando seus filhos estão ainda em seus ventres, e o Espírito santo as revela muito sobre este encontro.

        Diversos papas como São João Paulo II, estudaram Montfort, e tanto foi o seu amor que ele em seu pontificado, criou mais um mistério para o santo terço, pois, seu amor mariano já superava em muito o que tinha aprendido do santo mariano.

        A Congregação dos Arautos do Evangelho, ao escrever sobre este tema, afirmou que “o Papa João Paulo II, ainda jovem, encontrou São Luís Maria Grignion de Montfort e aprendeu com ele a amar a Mãe de Deus”. Afirma ainda que Monfort “é considerado o maior devoto da Virgem Santíssima”.

        Inclusive João Paulo II escreveu uma carta destinada “às famílias Monfortinas sobre a Doutrina do seu fundador”, carta esta que viera a tornar-se uma referência para a congregação, assim disse nosso Santo Padre na carta[1]:

Há 160 anos, foi publicada uma obra destinada a tornar-se um clássico da espiritualidade mariana. São Luís Maria Grignion de Montfort compôs o Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem Santíssima no início de 1700, mas o manuscrito permaneceu praticamente desconhecido por mais de um século. Quando finalmente, quase por acaso, em 1842, foi descoberto e em 1843 foi publicado, teve sucesso imediato, revelando-se uma obra de eficiência extraordinária para a difusão da "verdadeira devoção" à Virgem Santíssima.

 

        Ele próprio conta a sua experiência pessoal com Montfort, e que começara ainda na sua juventude, em especial ao ler o TVD (Tratado da Verdadeira Devoção).

      

Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura deste livro, no qual "encontrei a resposta às minhas perplexidades" devidas ao receio de que o culto a Maria, "dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo" (Dom e mistério, pág. 38). Sob a orientação sábia de São Luís Maria, compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de fato, "está radicado no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus (ibid.).

 

        Muitos dos que foram declarados santos pela Igreja Católica, beberam na fonte do Tratado, e aprendi eu também com ele que o caminho mais seguro para se chegar a Deus é por Maria Santíssima.

       Afirma ainda João Paulo II, que do alto da Cruz Jesus dá ao discípulo amado a responsabilidade de cuidar de sua mãe, conforme escreveu o Evangelista, "Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua", se ele a recebeu como sua mãe, nós também devemos receber como nossa, e acolher como a acolheu o discípulo amado, a quem mais confiaria Jesus a sua mãe, senão a aquele que era “o discípulo amado”

A Igreja, desde as suas origens e sobretudo nos momentos mais difíceis, contemplou com particular intensidade um dos acontecimentos da Paixão de Jesus Cristo, referido a São João: "Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Cleofas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali de pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo: "Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua" (Jo 19, 25-27).

 

            Tamanha era a sua identificação com Montfort, que na carta, São João Paulo II afirma que o brasão de seu pontificado é inspirado no santo mariano:

 

Como se sabe, no meu brasão episcopal, que é a ilustração simbólica do Texto Evangélico acima citado, o mote Totus tuus está inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort (cf. Dom e mistério, págs. 38-39: Rosarium Virginis Mariae, 15).

 

            Não somente o pontífice, mas, o colégio dos bispos reunidos por ocasião do Concílio Vaticano II também o declarou través da sua Constituição LG - Lumen Gentium, & 65, que ao venerar a Mãe do Redentor reflete-se mais piedosamente o mistério da encarnação:

 

São Luís Maria propõe com singular eficiência a contemplação amorosa do mistério da Encarnação. A verdadeira devoção mariana é cristocêntrica. Com efeito, como recordou o Concílio Vaticano II, "a Igreja, meditando piedosamente na Virgem e contemplando-a à luz do Verbo feito Homem, penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável mistério da Encarnação" (Const. Lumen gentium, 65).

 

Tanto amava Nossa Senhora, pelos escritos de Montfort, que em sua carta o Papa João Paulo II, afirma que “A devoção à Santa Virgem é um meio privilegiado "para encontrar Jesus Cristo, para O amar com ternura e para O servir com fidelidade" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 62)”.

Quando Deus nos deixa os santos pare serem nossos modelos, é exatamente porque nos parece longe conseguir ser como Jesus, perfeito em vida, santo, e os santos apesar de suas misérias e pecados, conseguiram vencer a tentação, nos deixando assim uma maior proximidade com eles, que embora não sejam perfeitos, mas muito se aproximaram da imitação de Cristo.

Em sua carta aborda muitas questões relevante a fé montfortina, o Papa João Paulo II, afirma que “é ainda na oração à Mãe do Senhor que São Luís Maria exprime a dimensão trinitária da sua relação com Deus”, dessa forma a Mãe de Deus e nossa, é saudada por todos aqueles que amam a Deus, e ele cita os escritos de Montfort novamente: “Saúdo-te, Maria, Filha predileta do Pai eterno! Saúdo-te, Maria, Mãe admirável do Filho! Saúdo-te, Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo!" (Segredo de Maria, 68)”, Maria Mãe de Jesus goza de privilégios máximos junto a trindade por uma escolha de Deus, Ela é a cheia de graça, mãe do Filho, esposa do Espírito Santo e filha amadíssima do Pai, logo, ninguém na Terra obteve de Deus tanto amor e graça, a santa das santas. 

Nos lembra o pontífice na sua carta as famílias, que “São Luís Maria contempla todos os mistérios da Encarnação que se realizou no momento da Anunciação”. Logo, é uma obra de muita piedade e devoção, lembra ele, “assim, no Tratado sobre a verdadeira devoção, Maria é apresentada como "o verdadeiro Paraíso Terrestre do Novo Adão", a "Terra virgem e imaculada" pela qual Ele foi plasmado (n. 261)”.

O Papa João Paulo II, diz que “Ela é também a Nova Eva, associada ao Novo Adão na obediência que repara a desobediência original do homem e da mulher”. Das virtudes que Maria Santíssima tem, e não são poucas, algumas devem ser trabalhadas em nós, e a obediência se destaca bastante, juntamente com a humildade, “Por meio desta obediência, o Filho de Deus entra no mundo. A mesma Cruz já está misteriosamente presente no momento da Encarnação, no momento em que Jesus é concebido no seio de Maria”.

Por isto, nos lembra João Paulo II no mostrando a exegese bíblica que, “o ecce venio, da Carta aos  Hebreus (cf. 10, 5-9) é o ato primordial da obediência do Filho ao Pai, aceitação do seu Sacrifício redentor "quando entra no mundo".

Profundos são os escrito de São Luís Montfort, segundo o pontífice em sua carta:

 

"Toda a nossa perfeição, escreve São Luís Maria Grignion de Montfort, consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente a que nos conforma, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Mas, sendo Maria a criatura mais conforme a Jesus Cristo, tem-se como resultado que, entre todas as devoções, a que consagra e conforma mais uma alma a nosso Senhor é a devoção a Maria, sua Mãe Santa, e que quanto mais uma alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada a Jesus Cristo" (Tratado sobre a verdadeira devoção, 120). 

 

Santa Isabel e São Zacarias são os progenitores de São João, o Batista, e Maria Santíssima gerou em seu ventre por obra do Espírito Santo, Jesus, o Cristo, e São José foi o pai adotivo de Jesus.

            Se Nossa Senhora não sofreu as dores do parto virginal, seu parto e martírio foi ao pé da cruz, vendo seu filho sofrer, ser torturado e morto no calvário, afirma São Luis de Montfort no Tratado da Verdadeira Devoção.

            O encontro destas duas santas, e porque não dizer também mártires da fé, que viram seus filhos serem decapitado e crucificado, respectivamente, passaram por um martírio branco dos piores possíveis.

            O próprio profeta Malaquias 3,1-7 nos diz quem estará seguro na vinda do Senhor. Já houve uma primeira vinda, que ainda se teve tempo para uma preparação, na segunda e derradeira vinda não se terá mais tempo.

2. Quem estará seguro no dia de sua vinda? Quem poderá resistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do fundidor, como a lixívia dos lavadeiros.

3. Ele se sentará para fundir e purificar a prata; purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata; então, eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convêm.

4. E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, como nos anos de outrora.

5. Virei ter convosco para julgar vossas questões e serei uma testemunha pronta contra os mágicos, os adúlteros, os perjuros, contra os que retêm o salário do operário, que oprimem a viúva e o órfão, que maltratam o estrangeiro e não me temem – diz o Senhor.

6. Porque eu sou o Senhor e não mudo; e vós, ó filhos de Jacó, não sois ainda um povo extinto.

7. Desde os dias de vossos pais vos apartastes de meus mandamentos e não os guardastes. Voltai a mim, e eu me voltarei para vós – diz o Senhor dos exércitos. Vós, porém, dizeis: Mas voltar como?

 

            Somos obrigados a pensar na Parusia do Senhor, pois, quando Ele voltar definitivamente, não haverá mais jeito, teremos pela frente a eternidade, que se dará com Ele ou afastado d’Ele para sempre. Com quem você quer passar a eternidade?

 

REFERÊNCIAS

MONTFORT, Luiz Maria Grinion de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. PETRÓPOLIS, R. J. RIO DE JANEIRO:  Editora Vozes Ltda. - Segunda Edição, 1943

BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.

CARTA ENCÍCLICA, REDEMPTORIS MATER, do sumo pontífice JOÃO PAULO II sobre a Bem-Aventurada Virgem Maria na vida da igreja que está a caminho. Disponível em https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_25031987_redemptoris-mater.html com acesso em 16 de fevereiro de 2025.

EE - CARTA ENCÍCLICA ECCLESIA DE EUCHARISTIA DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II. Disponível no site do Vaticano. www.vatican.va. Acesso em 13 de fevereiro de 2025.

João Batista. Disponível em https://www.ebiografia.com/joao_batista/acesso em 12/03/2025.

 


[1] São Luís Maria de Montfort e São João Paulo II. Disponível em

 
 
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