ARTIGO - De Leão XIII Leão XIV: continuidade na descontinuidade
- pascom9
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Pe. José Freitas Campos
Do clero da Arquidiocese de Natal
Há mais de dois mil anos, o pescador Pedro, atendendo ao chamado de Jesus, deixou Jerusalém e seguiu para Roma, a fim de fundar a primeira Comunidade-Igreja sob a inspiração do Espírito Santo a pedido do Senhor: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (cf. Mt 16, 13-19). Ao longo dos séculos, foram muitas as narrativas que se escreveram sobre a presença da Igreja no mundo. Aos sucessores de Pedro coube a missão de conduzir e guiar o Povo de Deus até os dias atuais. Na linha da sucessão apostólica, cada Papa escolhido, o eleito, tem a missão de responder aos desafios do seu tempo. Neste artigo, falarei de dois papas que tem em comum a questão social: Papa Leão XIII e Papa Leão XIV.
O Papa Leão XIII foi o último papa do século XIX e o primeiro do século XX, falecido em 1903. Ficou considerado um dos papas mais influentes do seu tempo. Ele se ocupou da reconciliação entre a Igreja e Culturas e do desenvolvimento político e social, numa perspectiva de Igreja mais sensível a realidade do mundo. Oriundo de família nobre italiana, foi considerado conciliador e amante da paz. O objetivo maior do seu pontificado foi a reconciliação do homem moderno com a Igreja, ou seja, um realinhamento da Igreja Católica com as condições políticas e sociais. No seu pontificado, a fé católica fez grandes progressos. Abriu ao público a Biblioteca do Vaticano e fundou ali um observatório científico. Instalou, em 1892, uma comissão bíblica internacional. Escreveu muitas encíclicas, dentre elas, teve mais destaque, a Rerum Novarurm (1891), onde mostra claramente a relação entre capitalismo e trabalho. A encíclica social enfatiza a dignidade humana frente ao mundo materialista e tenta assumir uma posição intermediária entre trabalhadores e empregadores. O papa fala sobre a pessoa humana, dos seus direitos e sobre a organização da economia, sobre a liberdade de coalização dos trabalhadores e sobre a obrigação social do Estado. A encíclica torna-se a base da doutrina social da Igreja.
Por outro lado, o Papa Leão XIV, no início do seu pontificado, deixa em evidência a necessidade de um mundo de paz, de justiça social, tendo a família como base, de um diálogo como via para construção de pontes, de uma Igreja que dá continuidade ao Concílio Vaticano II e ao caminho sinodal iniciado pelo Papa Francisco. Certamente, inspirado pela Rerum Novarum do Papa Leão XIII e pela Laudato Si’ do Papa Francisco, conduzirá a Igreja por novos caminhos diante dos novos desafios do mundo atual.