Pe. Paulo Henrique da Silva
Professor de Teologia
Seminário de São Pedro
Daqui a poucos dias se iniciará um novo Ano Litúrgico. Será o Ano B, onde, especialmente nos domingos, percorreremos o caminho do Evangelho segundo São Marcos.
Iniciemos o novo ano com esse sentimento e essa disposição: “O ano litúrgico é para nós a possibilidade de crescer no conhecimento do mistério de Cristo, imergindo a nossa vida no mistério da sua Páscoa, na esperança da sua vinda. Esta é uma verdadeira formação contínua. A nossa vida não é uma sucessão casual e caótica de acontecimentos, mas um percurso que, de Páscoa em Páscoa, nos conforma a Ele ‘enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda no nosso Salvador, Jesus Cristo’” (FRANCISCO. Carta Apostólica sobre a formação litúrgica do Povo de Deus, Desiderio desideravi, n. 64).
Iniciando o Ano no primeiro domingo do Advento, este ano no dia 3 de dezembro, somos convocados a entrar na dinâmica do Espírito Santo que nos levará a percorrer todos os tempos litúrgicos, celebrando a nossa fé, bebendo da fonte inesgotável da Palavra, nutridos pelo Pão da Vida, o Corpo e Sangue de Cristo na oferta da Eucaristia e seremos fortalecidos na comunhão fraterna celebrando com os nossos irmãos e irmãs, a graça da sinodalidade.
O Ano Litúrgico iniciará com uma comemoração especial: 60 anos da promulgação da Constituição sobre a Liturgia, Sacrosanctum concilium, o primeiro documento aprovado no Concílio Vaticano II (1962-1965). No dia 4 de dezembro de 1963 era aprovado o texto da Constituição sobre a Liturgia. O Papa São Paulo VI, no discurso de conclusão da segunda sessão do Concílio afirmou que, no texto aprovado da Constituição Sacrosanctum concilium, “se respeitou nele a escala dos valores e dos deveres: Deus, em primeiro lugar; a oração, a nossa primeira obrigação; a Liturgia, fonte primeira da vida divina que nos é comunicada, primeira escola da nossa vida espiritual, primeiro dom que podemos oferecer ao povo cristão que junto a nós crê e ora, e primeiro convite dirigido ao mundo para que solte a sua língua muda em oração feliz e autêntica e sinta a inefável força regeneradora, ao cantar conosco os divinos louvores e as esperanças humanas, por Cristo Nosso Senhor e no Espírito Santo”. Ao iniciar um novo Ano Litúrgico busquemos ler, estudar e aprofundar esse importante documento do Concílio Vaticano II e reconhecer nele uma das fontes da espiritualidade do Concílio, uma bússola para o nosso tempo. Poderíamos fazer esse propósito no início do novo Ano: buscar uma verdadeira e autêntica formação litúrgica, onde se viva a Liturgia como lugar do encontro com Cristo. Este é um encontro indispensável para a vivencia da fé. “Se a Ressurreição fosse para nós um conceito, uma ideia, um pensamento; se o Ressuscitado fosse para nós a recordação da recordação de outros, ainda que com autoridade, como os Apóstolos, se não nos fosse dada também a nós a possibilidade de um verdadeiro encontro com Ele, seria como declarar esgotada a novidade do Verbo feito carne. Pelo contrário, a encarnação para além de ser o único acontecimento novo que a história conhece, é também o método que a Santíssima Trindade escolheu para nos abrir a via da comunhão. A fé cristã ou é encontro com Ele vivo, ou não é” (FRANCISCO. Op.cit. n. 10).
Na sua apresentação do Evangelho, São Marcos tem o grande escopo de responder à pergunta: “Quem é Jesus?”. É um caminho catequético excelente para refundar a nossa fé, purificá-la de contaminações ideológicas, e olharmos para o futuro construindo tudo na nossa relação com Jesus Cristo, o Messias, o Filho de Deus.
A partir do primeiro domingo do Advento, dia 3 de dezembro, em todas as nossas Paróquias, se fará obrigatório o uso da nova edição do Missal Romano.