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ARTIGO - Lectio divina sobra a vida no Espírito: Rm 8, 28-37

Por Pe. Paulo Henrique da Silva

Diretor de estudos do Seminário de São Pedro


Introdução – o capitulo 8 da carta aos Romanos fala da vida no Espírito. A salvação trazida por Cristo é destinada a todos os homens e a todas as mulheres, isto é, universal. Ele traz uma vida nova, que é vida no Espírito Santo. Os versículos propostos para hoje nos falam da esperança da glória e do amor salvador de Deus. Esse amor é seu plano: predestinar, chamar, tornar justo e glorificar a cada um e a todos os homens e mulheres. Nada e ninguém pode impedir Deus de realizar esse plano.

 

1. A Palavra lida (Deus nos fala)

 

                Após apresentar a vida nova do cristão como vida no Espírito, na luta constante para que não deixemos a carne dominar e sim o Espírito, o Apóstolo afirma que, pelo Espírito somos filhos no Filho, Jesus Cristo. Não só nós, mas a criação inteira espera a manifestação dos filhos de Deus. Essa esperança não decepciona, pois nos coloca diante da revelação do plano de Deus.

 

a) Todas as coisas concorrem para o bem – certeza do Apóstolo. Deus conduz o seu plano de amor à realização. O seu plano é o bem dos seus escolhidos.

b) Os que antecipadamente conheceu – alusão ao poder onisciente de Deus. Ele conhece todas as coisas, e até as que ainda não existiam.

c) Predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho – expressão chave do ensinamento de São Paulo e de toda a teologia da Igreja. É a revelação e explicação de Gn 1, 26-27.

d) Primogênito entre muitos irmãos – é Jesus, o Filho de Deus, Filho unigênito. Por causa dele, todos os homens são herdeiros (cf. Rm 8, 16s).

e) Predestinar – chamar – justificar – glorificar – são as fases que se seguem ao fato de serem conhecidos de antemão: ver v. 29 (semelhante consideração encontramos em Ef 1, 3-14).

f) Se Deus é por nós quem será contra nós? – contra esse plano de Deus, contra nós enquanto aceitamos esse plano.

g) Ele não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou... – outra expressão fundamental nos ensinamentos de são Paulo. Une-se a Jo 3, 16. Paulo ainda falará desse modo em Gl 2, 20. “Entregar” é um verbo importante no Novo Testamento. Também alusão ao episódio de Isaac: Gn 22, 12.16. É o mesmo verbo para indicar a “Tradição”.

h) Como não nos dará todas as coisas junto com o seu Filho? – as “outras coisas” se tornam menores diante do fato de Deus dar o maior: seu Filho.

i) Quem acusará? Quem condenará? Perguntas e afirmações basilares para a fé cristã. É como um credo sintetizado. Citação do Sl 110, 1 para expressar a exaltação de Jesus.

j) Quem nos separará do amor de Cristo? – ele é o bem e o resumo do plano de Deus. Nada pode nos separar dele. Mesmo diante das circunstancias penosas da vida: ver Sl 44, 23.

l) Somos mais que vencedores – a vitória de Jesus Cristo em Jo 16, 33 é aqui vitória nossa, pelo amor que Deus nos demonstrou na obra de Jesus Cristo.

 

2. A Palavra meditada

 

a) O Plano de Deus – também chamado de Desígnio, é expresso assim: Deus criou os homens e as mulheres por meio de seu Filho, como imagem de Deus, para que vivessem para a glória e louvando a Deus. Mas, o pecado aconteceu e significou um transtorno na relação com Deus. Deus não desiste e envia seu Filho para resgatar a sua obra. Criados por meio do Filho, somos reconciliados por meio dele.

 

b) Cristo nos revela o Plano de Deus: sermos conformes à imagem do Filho.

 

c) As cinco fases do projeto divino: conhecimento antecipado – predestinação – chamado – justificação – glorificação: nós estamos envolvidos por essas fases. Ainda na esperança da última: a glória.

 

d) O nosso Credo: Deus entregou seu Filho por nós, não o poupou. Assim, ninguém nos acusará nem nos condenará, pois Deus nos justifica e Cristo, que morreu e ressuscitou, está sentado à direita de Deus intercedendo por nós.

 

e) Estar contra e acusar ou ser fiscal: em hebraico é o verbo satan. Ver Jó 1-2 e Zc 3 (BP: v. 33 Quem será o fiscal dos que Deus escolheu? Se Deus absolve, quem condenará?).

 

3. A Palavra contemplada na nossa vida

 

a) Deus nos conhece, nós conhecemos Deus? Conhecer o Plano de Deus, a sua Vontade é fundamental. Eis a sua vontade: salvação. Conhecer leva a tomar uma decisão. Essa decisão é existencial. É uma opção fundamental de vida. Reconhecer que somos amados deve levar-nos a amar.

b) JESUS CRISTO: por Ele, com Ele e n’Ele. A salvação vem por meio de Cristo. Por que a criação foi feita por Ele: cf. Cl 1, 16, então desde o início é por amor dele que tudo existe.

c) Pecado: nos coloca na tensão carne x espírito. Mas, Cristo traz vida nova. Salvação quer dizer vida nova. Participamos de sua vitória. Pela esperança nela fomos salvos. A graça de Cristo tem sempre a última palavra (cf. 1Cor 15, 25-28).

d) ESPERANÇA: o Plano de Deus ainda não foi concluído. A vida de Cristo ainda não foi totalmente consumada. Ainda falta a nossa glorificação.

e) MARIA: é o exemplo do Plano de Deus atuado plenamente. Nela as fases do Plano de Deus se realizaram. Por isso, Maria é a concreção do significado da ação de Deus. Ela é imagem de seu Filho. Nela Deus mostra o que quer fazer com a humanidade, com os seguidores de Jesus, homens e mulheres chamados a serem santos e imaculados.

 

 

 

 

 

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