Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal
Prezados leitores/as!
Há poucos dias, a Igreja celebrou a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, mais conhecida como “Corpus Christi”. É uma festa muito antiga, as primeiras notícias vêm do século XIII, na cidade belga de Liège. Depois a festa se estendeu a toda a Igreja, por obra do Papa Urbano IV.
A festa lembrou, em primeiro lugar, aquela quinta-feira santa em que Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e deu graças, deu a seus discípulos, e o mesmo fez com o cálice com vinho e disse: “isto é meu corpo... este é o cálice do meu sangue”. A Eucaristia significa o ato de doação, de entrega que o Filho de Deus feito homem, faz de sua vida. O seu Corpo é entregue como alimento, o seu Sangue é derramado por todos. Na festa de Corpus Christi a Igreja tem mais uma oportunidade de agradecer a Jesus por Ele ser o Redentor, o que resgata a nossa vida do pecado e da morte. Ação de graças este é o nome da Eucaristia. Ela é doação de vida plena.
A festa do Corpo e Sangue de Cristo acontece a poucos dias da conclusão do Tempo Pascal. Embora já estejamos no Tempo Comum a proximidade com o tempo Pascal nos leva a refletir sobre o significado da festa com a festa das festas: a Páscoa da Ressurreição. É Jesus ressuscitado, glorioso que nós adoramos no mistério da Eucaristia. E mais, o Corpo e Sangue de Cristo se tornam presentes no altar graças à ação do Espírito Santo, cuja vinda há pouco celebramos na Festa de Pentecostes. Quero frisar este ponto importante e imprescindível da fé da Igreja. E o faço lembrando um momento da Celebração Eucarística em que fazemos a invocação do Espírito Santo. Esta invocação, chamada de “Epiclese”, acontece duas vezes na missa. Primeiro, quando os dons do pão e do vinho são apresentados no ofertório, após o canto do Sanctus, o presidente da celebração invoca o Espírito Santo: Santificai, pois, estas oferendas, derramando sobre elas o vosso Espírito, a fim de que se tornem para nós o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso (MISSAL ROMANO. Oração Eucarística II).
A Igreja suplica o dom do Espírito Santo, Ele mesmo, para que realize para nós aquela transformação, aquele milagre de amor, não uma coisa absurda, não algo que destrói a natureza, mas o acontecimento que marca a humanidade fazendo dela uma unidade: pão e carne, vinho e sangue. A transubstanciação, isto é, a transformação do pão no Corpo e do vinho no Sangue de Cristo é para nós o gesto de ternura do Filho de Deus que assim quis continuar presente na nossa história.
Exorto a todos que participem com zelo e decoro da celebração Eucarística. Ela é momento de grande fervor para o povo de Deus. Peço a todos que não esqueçam de rezar pelas necessidades da Igreja, pelo Papa Francisco, pela Igreja diocesana, por mim, pelo Clero e por todos os fiéis leigos.