
Pe. José Marcos Silva de Lima
Diretor espiritual do Seminário de São Pedro
Para o filósofo grego, Aristóteles, a felicidade é o fim de todo o anseio do ser humano, ou seja, o seu mais profundo desejo. Felicidade é um termo grego que vem de “eudaimonia” que significa espírito do bem, que é traduzido por “felicidade”. Para Aristóteles, a eudaimonia é a arte da vida feliz. Diferentemente do que pensamos sobre felicidade, o filósofo diz que o ser humano para ser feliz precisa pautar sua vida pelo caminho das virtudes. Sua vida deve ser orientada pela prática do bem.
Aristóteles descreve três modos para uma vida feliz: O primeiro modo é guiado pelo prazer temporário em que se busca a felicidade pelas satisfações momentâneas. O segundo modo é orientado pela busca de honras , riquezas, aplausos humanos. Já o terceiro modo é a vida contemplativa que é uma elevação da alma acima do prazer hedônico e da vanglória humana. Nesse terceiro modo é apreciada a felicidade que dinheiro nenhum pode comprar.
A busca da felicidade é a finalidade da vida. A pergunta que Aristóteles faz é a seguinte: você quer ser feliz?.
Para o filósofo é preciso trabalhar nessa intenção. Ele apresenta seis conselhos para se alcançar a felicidade, que são:
Pratique a virtude. A virtude para Aristóteles é sempre o equilíbrio em todas as coisas. É o meio entre a carência e o excesso;
Cultive amizades verdadeiras e saudáveis. Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro;
Cuide da saúde corporal e espiritual. A felicidade depende também do nosso altocuidado;
Seja sóbrio no possuir. Busca desenfreada por bens materiais corrompe a mente e o coração;
Medite sempre sobre a vida. A felicidade nos leva a contemplar o que é eterno e duradouro.
Tenha um engajamento social. Evite o isolamento, pois é na vida social que podemos praticar as virtudes.
Como é possível entendermos, a felicidade para Aristóteles é construída pelo caminho das virtudes. Ela não é uma ilusão ou algo impossível. No entanto, carece de empenho humano, renúncia aos vícios que é o contrário das virtudes, e da elevação do espírito para o bem que é o sentido último da vida.
Numa sociedade líquida e cansada, com diversas frustrações existenciais, é urgente redescobrir o valor de uma vida sóbria, regrada pela temperança. O materialismo pós-moderno turva o olhar contemplativo sem o qual o ser humano não pode ser feliz. A ânsia exacerbada pelo que é efêmero aprisiona o verdadeiro desejo humano que está no mais recôndito da alma, que é a ânsia por ser feliz.
Ser feliz é uma escolha por seguir o caminho da virtude, e o caminho da virtude é o que o coração por força de sua própria natureza anseia esperançosamente.