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ARTIGO - Paróquia: casa da proximidade e da fraternidade

  • pascom9
  • há 12 minutos
  • 2 min de leitura

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Por Pe. Matias Soares Pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório - Conj. Mirassol - Natal


A reflexão à qual proponho-me neste ‘artigo de opinião’ tem a instigação de Dom Paulo Jackson, Arcebispo de Olinda e Recife, que na nossa formação para as lideranças que articulam as atividades da Campanha da Fraternidade no Regional Nordeste II da CNBB, que é composto pelas províncias eclesiásticas de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, trouxe-me esta provocação, tendo em vista o significado da etimologia da palavra ‘paróquia, a partir da Primeira Carta de São Pedro, na referência seguinte: “Aγαπητοί̦, παρακαλω ώζ παροίκους καί παρεπίδήμους” (cf. 1Pd 2,11): “Amados, exorto-vos como estrangeiros e forasteiros”... O apóstolo admoesta que, entre os gentios, a conduta dos cristãos deve ser irrepreensível para que aqueles possam glorificar a Deus por causa do seu testemunho. Os cristãos, segundo o autor, “devem respeitar todas as pessoas, amar os seus irmãos na fé, temer a Deus e respeitar as autoridades constituídas” (cf. 1Pd 2,17). Ou seja, a sua vida fará com que as suas relações sejam pautadas pelo o amor e tenham a marca da proximidade, e não pela ‘estranheza’ causada pelas diferenças que expulsam os Outros.

A paróquia tem por vocação e caminho identitário a promoção da comunhão entre os que estão inseridos em sua constituição, seja pela sua geografia, ou pelo vinculo afetivo. A integração de todos os que podem ser alcançados pela sua ação missionária precisa acontecer pelo anuncio da ‘Alegria do Evangelho’. O Papa Francisco afirmara que a “paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser ‘a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas’ Isto supõe que esteja realmente em contacto com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos” (cf. EG, 28).


A partir do significado de ‘παροίκους’ - casa de estrangeiro - somos chamados a redescobrir, em contexto de cultura urbana, se as nossas comunidades paroquiais, com suas ‘subjetividades’, estão sendo casas de proximidade e fraternidade; se há reconhecimento de todos que deveriam estar nelas e ainda não estão. Será que nos questionamos acerca das pessoas que ainda não foram chamadas pelo ‘nome’ e contempladas em seu ‘rosto’? Onde elas estão? Saimos para ir ao encontro delas? Quando saímos, que metodologia utilizamos? O nosso estilo é propositivo, ou impositivo? O que Jesus Cristo nos ensina sobre o nosso estilo missionário? Num mundo em que tantos “estranhos batem à nossa porta”, como lembrava o sociólogo Zygmunt Bauman, as nossas paróquias são chamadas a repensar as suas ações evangelizadoras para que a maioria dos batizados, indiferentes e marginalizados possam nestas ‘tendas’ de acolhimento e hospitalidade. Assim o seja!

 
 
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