ARTIGO - MOVAD – 50 anos de chamado, resposta e missão
- pascom9
- 2 de out.
- 4 min de leitura
Jubileu de Ouro do Movimento Vocacional das Filhas do Amor Divino (MOVAD)

Ir. Vilma Lúcia de Oliveira, FDC
Província Nossa Senhora das Neves – outubro de 2025
Introdução: Quando o chamado se fez movimento
Era 1975. O mundo respirava mudanças. A Igreja, embalada pelos ventos do Concílio Vaticano II, buscava novos caminhos. E no coração da Província Nossa Senhora das Neves algo silencioso e poderoso começava a pulsar: o MOVAD.
Não nasceu de planos meticulosos. Nasceu do Espírito. Não foi apenas uma atividade pastoral. Foi sopro vocacional. O convite “Venha e veja” ecoou como chamado profético — não apenas para jovens em busca de sentido, mas para toda uma comunidade que desejava viver sua consagração com renovado ardor.
O MOVAD não foi ideia. Foi resposta. Foi coragem diante da escassez. Foi beleza diante da crise. Foi esperança diante do silêncio vocacional. Hoje, ao celebrarmos seu Jubileu de Ouro, não olhamos apenas para trás. Olhamos para dentro e para frente. Porque o MOVAD continua sendo caminho. Continuação. Profecia.
a. Um dia que marcou para sempre
O primeiro encontro do MOVAD foi no Educandário Nossa Senhora das Vitórias, em Assú, RN. Eu estava lá. Era o início de uma caminhada que não sabíamos ainda o quanto frutificaria. Jovens reunidas, corações abertos, o Espírito soprando novidade. E naquele mesmo dia, como sinal misterioso e sagrado, partia para o Pai nossa primeira Madre Provincial: Madre Maria Kristina Wlastinik.
O céu e a terra se encontraram. Enquanto nascia um movimento vocacional, encerrava-se a missão terrena de quem havia sido alicerce da Província. Foi como se o chamado à vida consagrada se renovasse no silêncio da partida. A semente lançada naquele encontro foi regada com lágrimas, mas também com esperança. Desde aquele dia, participei ativamente da construção do MOVAD. Não como espectadora, mas como semeadora. Cada encontro, cada jovem, cada gesto vocacional foi também parte da minha própria história de consagração.
b. Uma convocação que virou história
O MOVAD nasceu de uma convocação ousada. Durante uma reunião de jovens junioristas reunidas em Ponta Negra, Natal/RN, a então Superiora Provincial, Ir. Clemens Santa Cruz Montenegro, lançou um chamado: “vamos fazer uma revolução”? Sua voz ecoa até hoje. Ao lado dela, a Mestra das Junioristas, Ir. Maria Áquila Vieira de Lucena, acolheu esse chamado com coragem e ternura, conduzindo as jovens com sabedoria e ardor missionário.
Foi ali, naquele encontro simples e cheio de Espírito, que o MOVAD começou a tomar forma. A primeira reunião oficial realizou-se logo depois, em Assú/RN — e com ela, nasceu um movimento que transformaria a história da Província.
I – MOVAD: Quando o chamado se fez identidade
O MOVAD não foi apenas criado. Ele foi intuído. Surgiu como resposta ardente ao clamor vocacional que ecoava na alma da Província. Em 1975, sob a liderança de Ir. Clemens, o convite “Venha e veja” tornou-se expressão viva da missão, sendo direcionada igualmente para todos os públicos, independentemente de gênero.
Antes do MOVAD, a animação vocacional era difusa. Depois dele, tornou-se coração pulsante da vida consagrada das Filhas do Amor Divino. Cada Irmã passou a ser chamada não apenas a viver sua vocação, mas a testemunhá-la, a semeá-la, a cuidar dela como quem cultiva um jardim sagrado. Mais do que uma pastoral, o MOVAD é identidade. Mais do que uma estratégia, é espiritualidade missionária.
Mais do que uma história, é profecia.
II – Quando o tempo clamava por vocações
Os anos 70 foram tempos de travessia. A Igreja buscava novos caminhos. As comunidades religiosas enfrentavam crises de identidade e escassez vocacional. Foi nesse terreno fértil e árido que o MOVAD brotou como sinal de esperança.
Não nasceu pronto. Nasceu improvisado, espontâneo, quase tímido. Mas como toda obra do Espírito, carregava em si uma força que não podia ser contida. A espontaneidade dos primeiros encontros, sem metodologia definida, foi expressão da liberdade do Espírito. As junioristas, sob a liderança de Ir. Áquila, tornaram-se protagonistas dessa nova forma de evangelizar: com escuta, com presença, com testemunho.
Numa época, marcada pela carência de agentes pastorais, o MOVAD assumiu seu lugar como dever e missão. Cada Irmã passou a ser chamada a ser presença vocacional, não apenas com palavras, mas com vida.
III – MOVAD: Entre memória viva e missão futura
O MOVAD não é apenas lembrança. É chama que continua acesa. É memória que ilumina o presente e aponta para o futuro. Nos anos 70, dois clamores ecoavam com força: o cuidado às Irmãs idosas, que deu origem à Vila Maria, e a urgência vocacional, que fez nascer o MOVAD. Ambos revelam a alma da comunidade: cuidar da vida em todas as suas fases.
O MOVAD foi assumido como meta do Governo Provincial, com encontros vocacionais, retiros, tríduos e envio de subsídios para comunidades, paróquias, colégios e obras sociais. A Promoção Vocacional passou a ser vista como esperança e renovação. O testemunho pessoal em missão tornou-se o maior instrumento de atração.
O movimento revelou dois momentos marcantes:
• Primeiro, como resposta ao esvaziamento vocacional.
• Depois, como impulso para transformar toda a comunidade em vocacional, uma meta que ainda pulsa como desafio e convite.
Conclusão: MOVAD — 50 anos de chamado, resposta e missão
Cinco décadas se passaram desde que o MOVAD irrompeu como sopro do Espírito. O que começou como iniciativa pastoral tornou-se, alma vocacional, caminho de consagração, sinal profético.
O MOVAD não envelheceu. Ele amadureceu. Não se apagou. Ele se aprofundou. Não se limitou ao passado. Ele continua sendo futuro, como Cultura Vocacional.
A Pastoral Vocacional, entrelaçada à Formação Permanente, permanece como coluna vital da Província. O MOVAD é missionário, é o espaço onde vocações são despertadas, confirmadas e renovadas. É onde o Reino se revela, silenciosamente, no coração de quem escuta. Neste Jubileu de Ouro, somos chamadas a reacender a chama. A renovar o compromisso. A continuar dizendo, com vida e fé: “Venha e veja.”







