Por Pe. José Freitas Campos
Pároco da Paróquia de São Sebastião - Alecrim - Natal
A nossa Igreja local tem um enraizamento histórico que remonta o período colonial brasileiro. Nas terras norteriograndenses, os índios potiguares, em aliança com os franceses ofereceram uma forte, contínua e ferrenha resistência aos colonizadores portugueses. Daí porque, somente no final do século XVI, a missão do corajoso Mascarenhas Homem conseguiu ocupar o nosso território para construir a Fortaleza dos Reis Magos, inaugurar a cidade e instalar canonicamente a Paróquia de Natal, que segundo os historiadores passou a ser a mais setentrional de toda a Colônia.
A implementação das estruturas eclesiais na Capitania do Rio Grande foi uma ação característica do padroado português. Um sistema que possibilitava à Coroa Portuguesa controlar as atividades eclesiásticas na Colônia pela divisão de poderes e atribuições entre o Estado e a Igreja. A coroa arcava com o sustento da Igreja e impedia a entrada na região de outros cultos, em troca de reconhecimento e obediência. Ela mesma indicava bispos e padres e os remunerava; concedia licença para construir Igrejas; confirmava e executava as sentenças dos Tribunais da Inquisição, controlava o comportamento do clero por meio da “ Mesa de Consciência e Ordens’’.
A partir de 1551, toda a colônia do Brasil fazia parte da Diocese de Salvador da Bahia. Esta foi a primeira diocese brasileira, criada pelo Papa Júlio III, que tinha jurisdição sobre todo o território da colônia. Somente em 15 de julho de 1614, o Papa Paulo V criou a Prelazia de Pernambuco, que alguns anos depois passou a ser diocese de Olinda. A partir daí, toda a área do RN integrava a diocese olindense e se submetia ao seu 1º bispo, Dom Estevão Barroso de Figueiredo (1677- 1683). Com a primeira missão colonizadora, chegaram ao Rio Grande, os jesuítas Pe. Gaspar de Samperes e Francisco de Lemos, além dos capuchinhos Frei Bernardino das Neves e Frei João de São Miguel. O Pe. Gaspar Gonçalves da Rocha foi o primeiro vigário de Natal. Contudo, vale ressaltar que a presença hostil dos calvinistas holandeses impediu o desenvolvimento do catolicismo em terras potiguares. Que o diga o martírio de Cunhaú e Uruaçu (1645). Fato é que a Paróquia de Natal ficou sem vigário até 1656.
O território do RN pertenceu, inicialmente, à Diocese de São Salvador da Bahia, até quando passou para a jurisdição da então criada Diocese de Olinda e, assim, permaneceu até a instalação da diocese da Paraíba, em 27 de abril de 1892. Mesmo com a Proclamação da República (1889), o Estado do RN continuou pertencendo ao Bispado da Paraíba, até que Natal foi elevada à condição de Diocese, em 29 de dezembro de 1909. Pela Bula ‘’Apostolicam in singulis’,’ o Papa Pio X desmembrou-a da diocese da Paraíba, como mais uma diocese da Província Eclesiástica de São Salvador da Bahia. Em 05 de dezembro de 1910, a Sagrada Congregação Consistorial criou a Arquidiocese de Olinda, sendo assim a Paraíba e o Rio Grande do Norte passaram a ser suas sufragâneas.
Em suma, ai estão os antecedentes históricos que nos fazem caminhar sinodalmente mais de um século depois. Em se tratando de uma diocese recém criada, a primeira do RN, sumariamente, vamos nos deter, a posteriori na memória e no legado dos três primeiros bispos que ocuparam a nossa sede episcopal.
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