
Diác. Paulo Gabriel Batista de Melo
Capelania Nossa Senhora do Loureto Ordinariado Militar do Brasil
A cristologia, como vemos no léxico da palavra, trata de estudar e aprofundar o conhecimento epistemológico a respeito de Jesus o Cristo – Messias, Ungido do Senhor- e tem como fonte primária a Palavra de Deus, com mais clareza no Novo Testamento.
Este estudo deve ser aprofundado na Teologia Sistemática, pois, nela podemos organizar as principais doutrinas cristãs da Bíblia, a luz do Magistério da Igreja. Ela sistematiza o conhecimento para facilitar ao fiel um melhor entendimento a respeito das coisas santas e de Cristo.
O Magistério da Igreja, através do Concílio de Calcedônia, ocorrido no ano de 451d.C., definiu através de uma fórmula a união hipostática das duas naturezas presentes no Cristo, a divina e a humana. Logo, se chama de União Hipostática, a união entre a natureza humana e a natureza divina.
O CIC – Catecismo da Igreja Católica no & 470, nos mostra “como é que o Filho de Deus é homem”:
Uma vez que, na união misteriosa da Encarnação, «a natureza humana foi assumida, não absorvida» (101), a Igreja, no decorrer dos séculos, foi levada a confessar a plena realidade da alma humana, com as suas operações de inteligência e vontade, e do corpo humano de Cristo. Mas, paralelamente, a mesma Igreja teve de lembrar repetidamente que a natureza humana de Cristo pertence, como própria, à pessoa divina do Filho de Deus que a assumiu. Tudo o que Ele fez e faz nela, depende de «um da Trindade». Portanto, o Filho de Deus comunica à sua humanidade o seu próprio modo de existir pessoal na Santíssima Trindade. E assim, tanto na sua alma como no seu corpo, Cristo exprime humanamente os costumes divinos da Trindade (102): «O Filho de Deus trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (103).
O Arianismo dizia que ‘Filho de Deus’ (Cf. Mt 5, 9; Jo 20, 31; Lc 1, 35; Mc 1, 1; Hb 6, 6), havia sido criado pelo Pai como um homem santo, negava a divindade de Jesus Cristo, negava a consubstancialidade do Pai e do Filho. Ário, era um presbítero cristão que viva em Alexandria no quarto século. Dessa forma, foi necessário que a Igreja, através do Concílio de Nicéia em 325 d.C., se pronunciasse em contrário e essa definição entrou para a nossa Profissão de Fé – O Credo.
O Arianismo foi duramente combatido pelos granes teólogos da Igreja como Santo Hilário e Santo Tomás de Aquino. Hoje diversas denominações cristãs não aceitam o Arianismo e a consideram uma heresia também.
Apesar de toda a sua contribuição, a filosofia grega, que hoje sabemos nasceu na África, mais propriamente no Egito, quando Tales e Mileto e Pitágoras[1], adentram o Rio Nilo e bebem na filosofia egípcia, através de um de seus clássicos chamado Platão, não aceitavam que um Deus pudesse vir a Terra, e como o Evangelho se espalhava primariamente pelo mundo grego e romano (que também bebiam na mesma fonte filosófica dos deuses gregos), tinham grande dificuldade de aceitar um Deus que se faz homem.
Essa união hipostática é difícil de ser entendida, motivo pelo qual houve tantas heresias, talvez teólogos mais rebuscados possam dar uma explicação epistemológica e filosófica mais profunda, eu, porém, usarei as palavras e o exemplo de Ratzinguer[2], quando fala em sua obra da Vida Eterna, descrito em sua magnífica trilogia sobre Jesus de Nazaré” em seu segundo volume, ao dizer que:
estágios preparatórios desse pensamento profundamente bíblico podem-se encontrar também em Platão, que acolheu na sua obra o tema da imortalidade. Assim, aparece nele a ideia de que o homem possa se tornar imortal, unindo-se ele próprio àquilo que é imortal.
“Se o fim é sobrenatural, devemos supor que o início, a jornada e o fim também o sejam”. Fiquei encantado ao ouvir este pressuposto teológico-filosófico, quando imaginamos que nosso início se dá pela vontade de Deus, que com amor e misericórdia acompanha a nossa jornada nos municiando de instrumentos necessários à nossa salvação, pois, “Deus quer que todos se salvem”. Cf. 1Tm 2s.
REFERÊNCIAS
BENTENCOURT, Estevão. Cristologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2009.
MELO, Paulo Gabriel Batista. Quem é Jesus para você?. EUA: Amazon, 2025.
RATZINGER, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.
VERGARA, S. C. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2005.
[1] EGIPTOLOGIA E A FILOSOFIA AFRICANA. Curso ministrado pelo Universidade UNINTER. Realizado em abril de 2020.
[2] Ratzinger, Joseph. PP Bento XVI. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição. São Paulo: Planeta, 2011.