ARTIGO - Uma comunicação desarmada e desarmante
- pascom9
- há 23 horas
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Diác. Eduardo Bráulio Wanderley
Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
Nessa segunda-feira, 12, sua santidade, o Papa Leão XIV, teve sua primeira audiência papal com os jornalistas. Após um caloroso aplauso por parte dos presentes, fez sua saudação inicial. Em seguida, invocou o trecho de Mt 5, 9, bem-aventurados os pacificadores. Aproveito o discurso do papa para me perguntar: somos pacificadores quando nos comunicamos uns com os outros?
O romancista francês Michel Buton falando da literatura e da perda do espírito literário na Europa, diz que "Há uma enxurrada de publicações, mas uma estagnação intelectual. A causa é uma crise de comunicação. Os novos meios de comunicação são admiráveis, mas causam um barulho tremendo. A cada dia surgem notícias e mais notícias e mais notícias, e todas elas desaparecem novamente. Essa enxurrada de informações é autodestrutiva. É significativamente mais difícil descobrir o que realmente está acontecendo hoje do que há vinte anos. No final, fica a impressão de que nada acontece." (Die Zeit, 12/07/2012). Nesse dia 13 de maio, aprendamos com Nossa Senhora a comunicar não só com palavras, mas também no silêncio.
Nessa leitura, podemos nos encontrar numa grande teia onde cada um de nós recebe informações por vezes brutas, por vezes polarizadas, ou seja, com um facho de luz estreito, em apenas uma direção. A falta de um mediador acreditador, como um revisor ou parecerista dos trabalhos acadêmicos, acaba por produzir uma comunicação que mistura realidade com ficção, ao gosto do leitor. Ou seja, estamos perdendo a capacidade de comunicar a verdade. Quando muito, ela vem envolta de alucinações que agradam um grupo maior ou menor de leitores.
Podemos estar domesticando as fake news e as criando como pets, animaizinhos que elegemos dignos de nossos afetos e carinhos. Aquelas são altamente perigosas. Estes, em relações equilibradas, são muito bem-vindos.
Podemos escolher comunicar o mal ou comunicar o bem. O evangelho nos lembra que a boca fala do que o coração está cheio. Essa pode ser uma boa métrica para nosso exame de consciência.
A comunicação positiva gera um encantamento. Quem de nós não conhece alguém que está sempre dizendo coisas boas, que está sempre com um sorriso, que às vezes comunica mais que as palavras? Isso nos encanta e, quiçá, nos contagia.
Nossa comunicação deve ser "desarmada e desarmante", nos diz o Papa Leão. Palavras de incentivo, de paz. Vamos pedir a Deus o dom da palavra de paz. Que seu Espírito nos ajude nessa busca sincera por um mundo de paz. E se você chegou até aqui nessa leitura, vamos rezar, cantando ou em palavras, com são Francisco de Assis: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz...