Diác. Eduardo Wanderley
Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
Toda família católica tem um presépio para o tempo do Natal. A inspiração de São Francisco ajuda a tornar presente aquela cena histórica. No centro está a manjedoura, trono escolhido pelo Pai para o nascimento de seu Filho. Mas o que era a manjedoura? Sua função, sua aparência, seu odor?
A manjedoura era o lugar onde se depositava o alimento para os animais. Normalmente uma caixa em madeira ou pedra, quiçá encrustada em um rochedo. Se espera ter feno, palhas, enfim, alimento. E o odor? De certo de um estábulo. Não se pode projetar um odor de perfume. Eis o lugar do nascimento do rei.
Nossa carência humana e nossa necessidade de autoafirmação criou manjedouras sofisticadas, em ouro, com odor de incenso e propriedades curativas de mirra. Um trono de um rei imaginário, mais que um lugar de comida para animais. Mas a realidade é outra.
E o que aprendemos com essa frustração de um povo que esperava um rei convencional em forma de um deus? Tantas lições podemos tirar dessa cena! Jesus nasceu na carne e na pobreza para que fosse tangível para toda humanidade. Ricos e pobres. Escravos e livres. Sua humanidade seria esquecida se tivesse nascido como um rei, em 'berço de ouro'. Jesus nasceu no lugar da comida, prenunciando que Ele será nosso alimento. E tantas outras inspirações.
Quero me dedicar agora ao odor do estábulo, marcado pelos dejetos dos animais. Também os nossos pecados vão nos desfigurando da imagem e semelhança de Deus e nos fazendo feder, por oposição ao perfume de santidade. E foi aí que Ele nasceu. Ele veio para essa gente fedida, suja e desfigurada pelo pecado para nos dar a salvação. Ele veio para os imperfeitos. Sua encarnação é perfume que cura e converte. Os lugares mais sujos, mais fedidos pelo pecado são transformados em verdadeiras essências raras quando se deixam tocar por Jesus. Enquanto a humanidade oferece ouro, incenso e mirra, Ele oferece a salvação. Que lindo contraste. O nosso melhor e o melhor de Deus se encontram nessa cena.
E nesse pensamento, quem são os cristãos? Os cristãos são vasos dessa essência de perfume e devem, no mundo marcado pela podridão do pecado, se deixar quebrar para que o odor de santidade superabunde, onde o pecado abundou.
Eis o melhor Natal: o que se doa por completo para que todos tenham vida em santidade. Feliz Natal!