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Ano Vocacional


Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal

Prezados/as leitores/as!

Desde o dia 20 de novembro de 2022, Solenidade de Cristo Rei, até 26 de novembro de 2023, data na qual celebraremos a Solenidade de Cristo Rei deste ano, a Igreja no Brasil vive a experiencia do Ano Vocacional. É a terceira vez que a Igreja institui um Ano Vocacional. A primeira vez aconteceu em 1983, com o tema Vem e Segue-me. 20 anos depois, em 2003, foi o segundo Ano Vocacional com o tema: “Batismo, fonte de todas as vocações”.

Quarenta anos depois, vivemos pela terceira vez o Ano Vocacional. Esta terceira vez o tema é “Vocação: graça e missão” e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33). O tema da vocação é apresentado num sentido bem alargado. A Igreja é um povo de vocacionadas e vocacionados. E ainda, citando Papa Francisco se entende cada vez mais: “Toda pastoral é vocacional, toda formação é vocacional, toda espiritualidade é vocacional” (FRANCISCO. Exortação Apostólica pós-sinodal Christus vivit, 254).

Vocação é a experiência, dirigida a todos, de um estar com Jesus, e a partir disso, anunciar a Boa Nova (cf. Mc 3,13-19). Desse texto do Evangelho segundo Marcos compreendemos que estar com Jesus nos leva a uma experiência de libertação, não só para nós, mas também para aqueles a quem anunciamos a Boa Nova. Vocação é um chamado, em primeiro lugar, uma ação livre e gratuita da parte de quem chama. Não se trata de uma apresentação nossa antes do chamamento. Só pode seguir quem Jesus chama. E o seu chamado leva necessariamente ao despojamento (cf. Lc 9,57-62; Mc 10,17-22; 8,34; Lc 14,26). Não se pode pôr condições ao chamado: para seguir Jesus a única condição Ele mesmo põe: carregar a cruz. Isso não significa entrar numa relação de tristeza ou terror, mas uma doce e confortante experiência de evangelizar, isto é, anunciar a alegria do amor de Deus por todos os homens e mulheres.

A vocação é graça. Todos são chamados a fazer parte do Povo de Deus. Essa intuição maravilhosa, presente nos documentos do Concílio Vaticano II, especialmente na Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium e na Constituição sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium. O Povo de Deus não é uma categoria sociológica apenas. Ela é, antes de tudo, uma expressão de altíssimo valor teológico: ser o Povo de Deus é fazer parte da comunhão trinitária, é entrar no caminho da plenitude ou divinização, isto é, Deus ser Tudo em todos, como afirma São Paulo (cf. 1Cor 15,28). Trata-se, ainda, da graça de sermos contados entre os discípulos de Jesus, aqueles que assumem a sua missão – discípulos missionários, como se expressa, de forma tão significativa o Documento de Aparecida. Graça é a expressão da benevolência divina que faz de todos nós seus filhos e filhas, e por conseguinte, todos irmãos e irmãs.

A vocação é missão. Servir com alegria, é o grande convite de Papa Francisco. É um serviço que nos brinda com a missão de apóstolos. “Todos são iguais, somos iguais ... A vocação que Jesus dá, a todos – mas inclusive a quantos parecem estar em postos mais altos – é o serviço, servir os outros, humilhar-te... A vocação de Deus é adoração ao Pai, amor à comunidade e serviço. Isto é ser apóstolo, este é o testemunho dos apóstolos” (FRANCISCO. Catequese na Audiência Geral. Quarta-feira, 15 de março de 2023).

Por fim, o Ano Vocacional tem o grande intuito de criar uma cultura vocacional. Rezar pelas vocações, viver a missão com alegria e esperança. Que o Senhor “continue a a encantar famílias, crianças, adolescentes, jovens e adultos, para que sejam capazes de sonhar e se entregar, com generosidade e vigor, a serviço do Reino, na Igreja e no mundo”. Amém.


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