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Dom Marcolino Dantas e seu longo pastoreio

Por Pe. José Freitas Campos Pároco da Paróquia de São Sebastião - Alecrim - Natal


Visitei-o, pela primeira vez, por ocasião da Páscoa de 1961. Aliás, todo o alunado do Seminário de São Pedro, anualmente, adentrava o Paço Episcopal para a visita oficial ao Arcebispo ancião transmitindo-lhe os augúrios pascais e a escuta das recomendações de férias no final do ano letivo. Assim aconteceu por anos a fio.


Quem era Dom Marcolino? Um baiano de Inhambupe, que como presbítero pertencia ao clero da Arquidiocese de São Salvador. Tão logo se ordenara foi convidado a trabalhar no Seminário como Professor lecionando as disciplinas de Latim, Geografia e Música sendo ao mesmo tempo Provedor da Irmandade de São Pedro dos Clérigos e outros cargos na Arquidiocese. Era também Cônego efetivo da Sé Catedral e foi nessas ocupações que recebeu a notícia de que o Santo Padre o Papa Pio XI o havia escolhido Bispo de Natal. Foi sagrado na Catedral Basílica de Salvador, a 19 de maio de 1929, dia litúrgico do Espírito Santo. Na sua Ordenação Episcopal, a Diocese de Natal foi representada pelo Cura e Vigário da Catedral da Apresentação, Mons. José Alves Ferreira Landim. Dom Marcolino chegou a Natal, no dia 26 de junho de 1929, e tomou posse da Diocese no dia 29 de junho, festa litúrgica de São Pedro e São Paulo.


            Entretanto, em se tratando da pessoa de Dom Marcolino, como o 4º bispo de Natal (1929/1967), podemos evidenciá-lo como marco divisório entre o antes e o depois de seu longo pastoreio de 38 anos.  A esmerada formação do seu clero deu-lhe o galardão de grande Bispo e Arcebispo da nossa Igreja Particular. Ordenou cerca de 40 padres, construiu e inaugurou o prédio do Seminário de São Pedro bem como o Santuário de Santa Teresinha no Tirol(1930). Sem olvidarmos o fato de que ele mesmo lançou a pedra fundamental para a construção da Nova Catedral em 1933. Ainda restaurou e fez circular o Jornal Diocesano “A Ordem” e criou 11 Paróquias, dando posse aos seus respectivos vigários.


Contudo, é impossível não lembrar o seu empenho na criação de duas novas dioceses para o RN. Em 1934 a diocese de Mossoró no Oeste potiguar e cinco anos depois, em 1939, no Seridó a criação da Diocese de Caicó. No resgate histórico de nossa Igreja Local temos bem presente as festas jubilares em comemoração ao bicentenário do encontro da venerável imagem de Nossa Senhora da Apresentação, em novembro de 1953. Em 1945 comemorou solenemente o tricentenário do morticínio de Cunhaú e Uruaçu. Foi Dom Marcolino também quem incentivou a realização de Congressos Eucarísticos paroquiais em São José de Mipibu, Canguaretama e Currais Novos.

No dia 16 de fevereiro de 1952, o Papa Pio XII, através da bula “ Arduum Onus” eleva Natal à condição de Arquidiocese da qual ele se tornara o primeiro Arcebispo. Atingido pela idade e pela doença em 1954 recebera um Bispo Auxiliar na pessoa de Dom Eugênio de Araújo Sales que em 1962, meses antes do Concílio Vaticano II, já se tornara Administrador Apostólico “sede plena”. Tudo isto para que o Movimento de Natal iniciado na década de quarenta não pudesse sofrer interrupção, mas através dos seus pastores, do clero e do povo pudesse dar sinais de uma Igreja conciliar, renovada e evangelizadora. A sua frase predileta “O sofrimento é ponte para o céu” foi a apoteose de sua Páscoa definitiva. Internado no Hospital da Clínicas veio a falecer a 08 de abril de 1967. Está sepultado na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, na Capela do Senhor Bom Jesus dos Passos aguardando a ressurreição gloriosa.

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