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Vocação: graça e missão


Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal

Prezados leitores/as!

“Neste ano, proponho-vos refletir e rezar guiados pelo tema «Vocação: graça e missão». É uma preciosa ocasião para redescobrir, maravilhados, que a chamada do Senhor é graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, é empenho de partir, sair para levar o Evangelho”.

Com estas palavras, tiradas da mensagem do Papa Francisco para o 60º Dia Mundial de Orações pelas Vocações, a se realizar neste domingo, 30 de abril, 4º Domingo da Páscoa, podemos compreender a vocação como mistério que nos envolve e que nos introduz no conhecimento da vontade de Deus, sendo graça e missão. Vocação é um chamado de Deus, “antes da fundação do mundo” (Ef 1,4), para uma comunhão de vida com Ele e para o anúncio desta comunhão, dirigida a todos os homens e mulheres. A vocação é uma realidade universal e está dirigida a todos, pois Deus cria o homem e a mulher para se comunicar a eles, isto é, Deus cria e chama para a relação com ele e isto é um chamado a todos. Esta comunicação de Deus acontece por meio do envio do Filho e do Espírito Santo. O Filho, assumindo a carne humana, convoca homens e mulheres para o seu seguimento, acompanhado do convite à conversão e à fé no Evangelho (cf. Mc 1,15). No Sacramento do Batismo celebramos a renovação do homem e da mulher com a graça redentora do mistério pascal de Cristo, morto e ressuscitado, Sacramento que estabelece a realidade da vocação universal. Do Batismo nascem todas as vocações, pois ele marca o início de uma comunhão com Deus através do Filho e do Espírito. É um caminho de santidade, como afirmou o Papa Francisco: “Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade, porque «esta é, na verdade, a vontade de Deus: a [nossa] santificação» (1Ts 4, 3). Cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspecto do Evangelho” (PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, n. 19).

Vocação fundamental, vocação primordial, o Batismo nos insere num processo vocacional de crescimento na fé e nos apresenta uma variedade de formas de vocação vividas pela Igreja, comunidade dos que são chamados à comunhão de vida com Deus. Toda a realidade da Igreja é uma realidade vocacional. Isto quer dizer: todos os batizados são chamados ao seguimento e à imitação de Cristo e isto serve para todas as formas de vocação: bispos, presbíteros, diáconos, leigos e leigas consagrados, engajados, todos são chamados a viver a sua forma vocacional a partir da realidade do Batismo, fonte de todas as vocações. Deverá ser sempre a renovação do Batismo em nossa vida o que possibilitará renovação da vocação. E esta é uma realidade permanente, pois a graça da comunhão com Deus nos coloca numa experiência dinâmica, estável e amorosa. É uma realidade escatológica, isto é, Deus chama para a vida eterna. Vocação não é algo que se possa limitar ou estabelecer prazo. É um chamado para viver com Deus e Deus não passa. Como viver assim? A resposta o Papa Francisco nos ajuda a encontrar: “Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23). Estas são como que o bilhete de identidade do cristão...Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia a dia da nossa vida” (PAPA FRANCISCO. Op. cit., n. 63).

Como o chamado de Deus é um ato de amor, nossa resposta tem que ser uma resposta de amor, reconhecimento de sua vontade de ternura e de graça, como afirma São Paulo: “mas de modo nenhum considero a minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e realize o ministério que recebi do Senhor Jesus, testemunhar o Evangelho da graça de Deus” (At 28,24).


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