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Sobre a oração



Pe. Paulo Henrique da Silva

Professor de Teologia


O Papa Francisco dedicou o ano de 2024 ao tema da Oração. Ele o fez como ano de preparação para o Jubileu de 2025, onde também serão comemorados os 1700 anos do primeiro concílio da Igreja: o Concílio de Niceia, em 325. Mas, como rezar?


Quando rezamos a primeira atitude que devemos tomar é invocar o Espírito Santo. A Oração acontece na atmosfera de uma relação: a comunhão com Deus. E o primeiro elemento ou característica da oração é a ação de graças. Nela, nós agradecemos a Deus que nos deu a graça de dialogar com ele. De fato, Deus se comunica aos homens e às mulheres. Esta é uma comunicação que diz respeito à vida própria de Deus. Ele é comunicação em si mesmo: Deus, o Pai, se comunica ao Filho, aquele que deveria se encarnar, o Filho, por sua vez, se comunica ao Pai, numa eterna entrega de amor, os dois, Pai e Filho, se comunicam ao Espírito Santo, que é a união ou a comunhão de Pai e Filho e, nessa comunhão intradivina, os homens e as mulheres são chamados a viver. A oração significa, em primeiro lugar, que nós agradecemos ao bom Deus por ter-nos feitos participantes desta comunhão.


O segundo momento característico da oração é a petição de perdão. Estamos diante do totalmente santo que é Deus, e nós somos pecadores, necessitados do seu perdão. Somos chamados a renovar o nosso coração e a nossa mente, para podermos viver no sentido da comunhão divina. Por isso o pedido de perdão purifica e assim ficamos aptos para o terceiro momento da oração, que é a escuta da Palavra. Sim, na oração nós escutamos Deus. Deus nos fala em primeiro lugar. Após agradecer porque Deus nos faz capazes de dialogar com Ele, como foi no segundo momento, com o coração purificado, podemos agora escutar sua Palavra. A Palavra de Deus é luz para o nosso caminhar, ela indica que fomos feitos para esse diálogo permanente com Deus, e só podemos entender, compreender o que devemos fazer na oração e, em todos os momentos da nossa vida, se nós escutamos Aquele que é a origem e o sentido da nossa mesma vida.

Depois da escuta da Palavra estamos aptos para os nossos pedidos, as nossas necessidades concretas reais, esse é o quarto momento da oração: a petição particular, o que necessitamos no nosso dia a dia, aquilo que nos preocupa, o que nos angustia. Sim é válida a oração de petição, por termos feito já a ação de graças o pedido de perdão e a escuta da Palavra, e já iluminados por ela, podemos fazer os nossos pedidos em sintonia com a Palavra.


O outro momento da oração, após a ação de graças, o pedido de perdão, a escuta da Palavra e, feitos os nossos pedidos particulares, a penúltima fase da oração, é a intercessão. Na verdade, esse é um sumo grau da oração. Pedir pelos outros é uma forma de caridade. E quando pedimos Àquele que é a mesma caridade, o mesmo amor, isto é, Deus, então estamos vivendo e agindo segundo o seu coração.


O último momento da oração se vive no silêncio da contemplação, no silêncio adorador: a adoração. Adorar a Deus significa que nós reconhecemos que para além dos nossos pedidos, para além das nossas necessidades, está o ser de Deus. Não um ser abstrato, não uma divindade genérica, mas o Deus que abraça, com sua ternura, toda criatura, o Deus bondoso, compassivo e misericordioso, o Pai de Jesus Cristo e Pai nosso. Na adoração nós reconhecemos que Deus é o ser maior, além do qual não se pode pensar outro, ou o Sumo Bem, além do qual não se pode desejar outro melhor.

Esses são os momentos principais da oração: a) ação de graças, b) pedido de perdão, c) escuta da palavra, d) petição particular, e) intercessão e f) adoração. Seguindo esses momentos, a nossa oração encontrará seu sentido mais pleno.

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