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ARTIGO - O cartaz da CF 2025 e nosso espírito predador

Diác. José Bezerra de Araújo

Assistente eclesiástico da Pascom


Anualmente, a Igreja faz um convite à sociedade brasileira para realizar uma reflexão mais profunda sobre o sentido da vida, através da Campanha da Fraternidade 2025. Neste ano, mais uma vez, convida os brasileiros a refletirem sobre seu destino final. Sim, as criaturas todas fazem uma “caminhada” antes de chegar ao destino final. Com o ser humano não é diferente. Ele faz esta caminhada desde o início da Obra da Criação. A Terra em que se vive é o “Paraíso” no qual Deus quis que o ser humano habitasse, em harmonia com as demais criaturas e elementos da natureza. O refrão do hino da CF 2025 diz que “ao entregar o Paraíso ao ser humano, Deus contemplou sua beleza e seus dons (...) e viu que tudo era muito bom”(CF 2025).


É interessante, também, contemplar os elementos do cartaz, que traz ao centro as imagens de São Francisco de Assis e da cruz. Todos os outros elementos estão relacionados com o ser e agir da criatura humana neste “paraíso” atual que Deus, na origem, criou e entregou às criaturas, e que o homem o modificou, às vezes até “desfigurando” a obra criada. Apenas refletindo o significado dos elementos do cartaz, já dá pra perceber várias situações da obra criada por Deus e “modificada” pelo agir humano.


Na descrição do cartaz, a imagem de “São Francisco de Assis representa o homem novo que viveu a experiência com o amor de Deus, em Jesus crucificado, e reconciliou-se com Ele, com os irmãos e com toda criação. “A Cruz é um elemento importante na espiritualidade quaresmal e franciscana”. (...) “Ela recorda a experiência dos irmãos de Assis com o crucifixo da Igreja de São Damião, em Assis, na Itália, onde Francisco ouviu o próprio Cristo que falava com ele e o enviava para reconstruir a sua Igreja”(Cartaz da CF 2025).


Hoje, qual é a experiência que temos nesse encontro nosso com Jesus na Sagrada Eucaristia, ou nos elementos vivos da natureza – a água do rio, o mar, as nascentes, as matas e florestas, as aves, os peixes, animais selvagens que habitam as florestas? Vemos, realmente, Jesus presente na Obra da Criação que Deus nos entregou para cuidarmos dela? Ou será que estamos apenas nos “aproveitando” e extraindo ao máximo os recursos que Deus nos deu, porque entendemos que trais recursos são inesgotáveis? Ora, até mesmo um dos elementos essenciais à vida, a água, o ser humano está poluindo com seu modo irresponsável de viver!


No cartaz, a natureza que Deus colocou à disposição dos seres criados aparecem na “araucária, no ipê-amarelo, no igarapé, no mandacaru, na onça-pintada e nas araras canindés”. Tais elementos “representam a fauna e a flora brasileiras em toda sua exuberância que, ao invés de serem exploradas de forma predatória, precisam ser cuidadas pelo ser humano, chamado por Deus a ser o guarda e cuidador de toda a criação”(Cartaz da CF 2025).


E, ao fundo, o cartaz mostra o resultado do agir da criatura humana em meio à obra criada – a cidade. “Os prédios e favelas refletem um Brasil cada dia mais urbano, onde se aglomeram verdadeiras multidões em um estilo distante da natureza e altamente prejudicial à vida. Cada um de nós, seres humanos, o campo, a cidade, os animais a vegetação e as águas fomos criados para ser, com a nossa vida, um verdadeiro louvor das criaturas ao bom Deus”(descrição do cartaz CF 2025).


Se cada criatura humana refletir, com honestidade, lucidez e caráter de Criatura de Deus os elementos do Cartaz da CF 2025, chegará à conclusão de que devemos sim, com urgência, modificar o estilo de vida predador que muitos de nós adotamos diante da Obra Criada. Pense, reflita e, ao menos, tente mudar, se o seu estilo de vida é predador!

 
 
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