Diác. José Bezerra de Araújo
Assistente eclesiástico da Pastoral da Comunicação
Em sua carta a Tito, o Apóstolo Paulo assim se expressa: “Paulo, servo de Deus e Apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé e a conhecerem a verdade da piedade que se apoia na esperança da vida eterna. Deus, que não mente, havia prometido esta vida desde os tempos antigos, e, no tempo marcado manifestou a sua palavra por meio do anúncio que me foi confiado por ordem de Deus nosso Salvador”(cf. Tt 1,1-9). É interessante destacar que Deus Pai, por meio do Filho, Jesus Cristo, é o mestre e mentor de Paulo.
Mas, no tempo presente, muitos jovens se deixam levar, sem sequer se autoquestionar, por alguns falsos mestres – os assim chamados de “influencers”. Antes de “seguir” alguns desses “mestres” das mídias sociais, muitos jovens deveriam se questionar sobre o conteúdo que essa gente passa. Qual a formação desses “mestres”? São Psicólogos? Teólogos? Acadêmicos? Qual o conteúdo que passam aos seus seguidores? Esse conteúdo é relevante para a formação e a vida dos jovens, para seu futuro, para ampliar seus conhecimentos ou para o seu relacionamento com a família e a sociedade? Ou será que são passadas apenas algumas técnicas de expertise sobre como ‘se dar bem’ na vida sem fazer muitos esforços ou sem qualquer investimento?
Não se sabe até que ponto muitos dos jovens seguidores desses influencers têm o senso crítico a ponto de fazer tais questionamentos... A impressão que se tem é que alguns dos jovens seguidores de tais “mestres” das mídias sociais estão desprovidos da capacidade de analisar, de refletir e buscar mais informações sobre as “verdades” que tais influencers disseminam, ou então é exatamente isto que pretende: “surfar” na vida e enriquecer de bens materiais, sem muitos esforços. Muitos destes jovens demonstram ausência de senso crítico, da capacidade de não aceitar automaticamente tudo que lhe é dito ou imposto como verdade e buscar mais informações antes de tirar qualquer conclusão sobre o que lhe foi repassado como uma verdade.
Prova disso é que, de tempos em tempos, aparecem nas notícias policiais alguns desses falsos mestres “enrolados” com falcatruas, crimes de lavagem de dinheiro sujo, enriquecimento ilícito... Então, não vale a pena ganhar o mundo se você perder a vida. É este o ensinamento bíblico, bastante atual. “... aquele que quiser salvar a sua vida, irá perde-la; mas o que perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, irá salvá-la. Que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca de sua vida? Porque, se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os seus santos e anjos”(Mc 8,35-38).
Quer ganhar a sua vida? Siga o exemplo de quem trabalhou duro a vida toda – talvez até seus pais sejam este exemplo – para conquistar os bens materiais merecidos e proporcionar uma vida melhor para si mesmo e seus familiares. Não se conquista o mundo vendo influencers numa telinha de computador, tablet ou celular. Essa conquista vem com estudos, formação, aquisição de conhecimentos nas diversas áreas da atividade humana e trabalho. Lembre-se que “Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-la”(Gn 2,15). Quando os judeus perseguiam Jesus porque Ele fazia milagres em dia de sábado, Jesus afirmou: “Meu Pai continua agindo até agora, e eu também”(Jo 5,17).
Com isso, não se quer dizer que o trabalho de todos os influencers não seja sério nem dignificante. Na área certamente há muitos profissionais sérios e de excelente formação. Estes não estão nas telinhas para enganar seus seguidores e clientes. Por isso, como já foi dito neste texto, necessário se faz ter senso crítico sobre o conteúdo recebido. Nem sempre são verdades absolutas, porque isto não existe. Mas há, certamente, conteúdos sérios. Para diferenciar o sério do enganador, basta ter conhecimento e bom senso crítico. E isto se adquire com leitura, muita leitura, de livros, bons jornais e boas revistas – inclusive nas telinhas eletrônicas.