
Diác. Eduardo Wanderley Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
Na Escola Diaconal o dileto mons. Pedro Ferreira, meu professor de homilética, contou uma história, quem sabe uma estória, de um aviador coreano, para nos alertar sobre o cuidado com as palavras que proferimos. Quem de nós nunca falou uma frase, para um público grande ou pequeno, que logo depois avaliou ter sido infeliz?
Houve um tempo em que algumas pessoas, por sua formação, carregavam consigo um conjunto de informações muito especializadas. O médico, o advogado, o engenheiro, o padre, o delegado... Usavam essas informações e eram aplaudidos. Depois, percebendo que pequenos acréscimos pessoais não eram contestados, 'embelezavam' as informações com bijuterias. E não parou por aí. Talvez estejamos vivendo a sociedade do bijoux. O espetáculo precisa de plumas e paetês. Mas cuidado. Há ourives entre nós. Cada vez mais a sociedade da informação permite a distinção entre o ouro verdadeiro e a bijuteria.
Cada um de nós, cristão por causa de um encontro com Deus, porta uma joia. Ela é muito preciosa e um ourives logo a vê. Mas o velho hábito das bijoux não deixa que nos concentremos no verdadeiro tesouro. As massas continuam encantadas com o brilho das lantejoulas.
Como devemos agir? Com cuidado. Com uma reverência enorme pela palavra que portamos e postamos. Ela é libertadora. É nela que confiamos e ela basta. A sua força está em sua origem divina. Eu, como instrumento, não devo diminuir sua força ou mesclar minhas ideologias. Cuidado, cuidado e cuidado. Medir as palavras. Uma palavra mal dita é maldita!
Somente Jesus Cristo é a verdade. Quando nos colocamos a serviço de Deus, em qualquer pastoral, qualquer ministério, passamos a ser pessoas públicas e portadores de algo que não nos pertence e é muito maior que nós. É a essência que nos move. Fazer o que deve ser feito. Nas palavras da Sacrosancto Concilium: "Nas celebrações litúrgicas, limite-se cada um, ministro ou simples fiel, exercendo o seu ofício, a fazer tudo e só o que é de sua competência, segundo a natureza do rito e as leis litúrgicas"
Portanto, como na liturgia, a nossa vida cotidiana deve ser expressão do tesouro encontrado. A ousadia deve ser sempre obra do Espírito Santo em nós. Que o bom Deus não nos deixe cair na tentação da bijuteria. Amém.