Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal
Prezados leitores/as!
No dia 6 de janeiro, tradicionalmente, a Igreja celebra a Festa de Reis, cujo nome litúrgico é Epifania do Senhor. Epifania quer dizer manifestação. De fato, o Filho de Deus é manifestado, mostrado às nações pagãs, como o Rei de Israel A Igreja no Brasil, onde não é feriado, celebra a Festa da Epifania no próximo domingo. Sendo assim, a Festa do Batismo do Senhor será celebrada na segunda-feira, dia 9. Temos a graça da proximidade de duas festas que são consideradas, juntas, a epifania do Senhor. “Já no século IV na festa da Epifania eram celebrados o nascimento e o batismo de Jesus Cristo. Esta relação nos faz entender que o batismo cristão é um sacramento, também, natalício e que o Natal quer ter consequências na vida cotidiana, para além da festa” (Kurt Koch).
Nesta Solenidade a Igreja proclama a universalidade do Cristianismo: “Revelastes, hoje, o mistério de vosso Filho como luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação. Quando Cristo se manifestou em nossa carne mortal, vós nos recriastes na luz eterna de sua divindade” (MISSAL ROMANO. Prefácio da Epifania do Senhor). E a manifestação do Senhor em nosso meio, possibilitou que recebêssemos a graça por excelência: a de nos tornarmos participantes de sua vida: “No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Idem. Prefácio do Natal do Senhor, III). Participar da vida do Filho de Deus: eis o que o Batismo significa. Isso mostra que a manifestação do Filho de Deus comunica a sua vida para nós. Esse é sentido da própria Revelação divina, atestada nas Sagradas Escrituras: Deus se manifesta e se comunica a nós através do seu Filho e dando-nos seu Espírito – automanifestação para autocomunicação.
Na oração das segundas vésperas da solenidade da Epifania, para a antífona do cântico evangélico (o Magnificat) a Igreja reza: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela de Belém guia os Magos ao presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos. Aleluia, aleluia”. Tudo está relacionado conosco. Deus envia seu Filho para que nós tenhamos um futuro autêntico. E isso significa: «Imagem de Deus invisível» (Cl 1,15), Ele [Cristo] é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão a semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, nele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição pastoral Gaudium et spes, n. 22).
Vivamos, pois, essa realidade da graça divina. Esse é um bom início para que o ano novo seja iluminado e possamos seguir em frente no caminho da fé, na doação de nossa vida ao projeto de Deus de ser a Vida de nossa vida.
Que a Solenidade da Epifania do Senhor leve-nos a reconhecer a nossa vida e o mundo em que vivemos como espaço da manifestação de Deus e assim, faça de todos nós reflexo do amor de Deus que quis ser o que nós somos, para fazer-nos participantes de sua natureza.
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