Por Pe. José Freitas Campos
Pároco da Paróquia de São Sebastião - Alecrim - Natal
Recordo, anamneticamente, o fato como se o mesmo eclodisse no hoje de nossas vidas. Era um tempo bonito de Deus! Cajueiros e mangueirais do vetusto casarão do Tirol mantinham o verdor de quem se dispõe a continuar produzindo frutos, doces frutos. A Igreja, em todo orbe, respirava o melhor clima trazido pelo sopro renovador que aquela imensa Assembleia dos Padres Conciliares dispunha-se receber, acolher e comunicar às suas igrejas locais.
Similarmente, os bons ventos de abril do ano da graça de 1963 anunciavam aos quatro cantos desta Igreja Particular: Monsenhor Nivaldo escolhido por João XXIII para bispo auxiliar de Aracaju. Modus discendi, este "exultet" significava que o seu laborioso empenho de formador, conselheiro, educador, pesquisador e, sobremaneira, de solícito pastor, agora se projetava transbordando fronteiras de nossa província. Em suma, ele iria adicionar forças e multiplicar talentos ao lado do notável Dom José Vicente Távora, um pernambucano de Orobó, que já trazia do Rio a sua fecunda experiência de pastoral com os pobres, mormente um plano de ação junto aos desfavoreci- dos, vítimas da exclusão social.
Rememoro aquele 21 de julho, celebrado no Ginásio Sílvio Pedrosa, contiguo ao velho Ateneu. Havia gente vinda de toda parte. Até mesmo Dom Alberto Ramos, de Belém do Pará, seu colega de bons tempos do Seminário da Prainha far-se-ia presente. Foi uma cerimônia marcante, única e inesquecível. A posteriori, viria um ciclo de transição marcadamente inovador, no qual o Vaticano II abriria imprevisível caminho. Destarte, a figura mística, de aparência frágil, voz forte e gestos magnânimos que é Dom Nivaldo partiu em missão proclamando que “só o coração não limita o homem". E voltou anunciando "ser feliz por estar no meio da refrega". Vivenciando suas raízes telúricas, décadas a fio, sua ação pastoral fez projetar a Igreja do RN, do Nordeste e por que não dizer do Brasil, para além de suas circunscrições eclesiásticas numa verdadeira missão “ad-gentes”.
Lembro, outrossim, com fausto júbilo, a sua magna contribuição à CNBB como bispo responsável pela Ação Social e os Meios de Comunicação. A sua presença constante em inumeráveis encontros do setor fá-lo-ia proclamar, sinergicamente, que a esperança nunca morre, pois o amanhã será sempre um novo dia. Exemplifico: pouco tempo faz, em colóquio com um sacerdote da diocese de Pelotas-RS ele declarou-me: "despertei minha vocação presbiteral lendo "Formando para a vida", "Formação de Caráter" e tantos outros de sua lavra". Fato é que o estimado pastor tem o precioso dom de colocar alma, coração e vida naquilo que fala, escreve e comunica. Nele tudo é graça!
Dom Nivaldo, seguindo as suas pegadas, como construtores da história desta Igreja quase centenária, encravada neste chão nordestino, queremos continuar este pacto com o desenvolvimento que na feliz expressão de Paulo VI é o novo nome da paz. E como não lembrarmos, neste contexto, a sua sensibilidade evangélica criando a Fundação Paz na Terra e o Serviço de Ação Urbana (SAUR) em nossa arquidiocese? Jamais podemos olvidar a sua incomensurável colaboração junto ao MEB e mais ainda na presidência da CÁRITAS Nacional, que, em maio deste ano, outorgou-lhe medalha de honra entregue a Dom Matias, na 44ª Assembleia Geral da CNBB, em Itaici-SP.
Por esses feitos e tantos mais que o coração de Cristo registra, que- remos augurar-lhe, ex corde, cento e quinze felicitações, (o número atual do nosso clero) e um milhão e meio de preces pelo XXXXIII aniversário de sua Ordenação Episcopal. Que o seu e nosso viver seja sempre Jesus Cristo: "Mihi vivere Christus est". Parabéns!