Artigo enviado ao Pe. José Feitas Campos, da Arquidiocese de Natal, e escrito pelo Pe. Nelson, da Diocese de Amargosa (BA)
No alvorecer da década de setenta - para alguns, a década perdida, a Diocese de Amargosa, vacante, pela renúncia do seu Bispo - Dom Florêncio Sisinio Vieira, recebia da graça de Deus e da generosidade da Arquidiocese de Natal, um seu filho e membro do seu presbitério, designado pela Igreja como seu novo Bispo: Mons. Alair Vilar Fernandes de Melo – pároco experimentado, formador, professor e Vigário Geral.
Sua chegada em Amargosa em todos despertava esperança e expectativa. Mais expectativa porque o seu nome não figurava nas listas dos bispáveis, nem ocupava as maquinações das mentes plantonistas de alarmes falsos ou geradoras de desgastantes boatos. Graças a Deus e para a nossa felicidade, este nome, sim, habitava os insondáveis projetos de Deus.
A expectativa foi superada e vencida por um homem de pequena estatura física e estupenda grandeza de coração. Chegou entre nós e para nós dizendo baixinho e com simplicidade: EVANGELIZARE MISIT ME (O Senhor me enviou para evangelizar). Que sorte a nossa! Que felicidade para a Diocese de Amargosa que recebia um evangelizador.
E quem é o bispo se não um apóstolo e servidor do evangelho?
Assim, Dom Alair entre nós: ENVIADO porque com a certeza e fé que marcaram a vida de Abraão se desloca para uma terra distante e desconhecida e faz-se obediente. Mais que isto, sempre fiel ao múnus do EVANGELIZADOR.
Falar das suas virtudes, hoje, poderia soar como reconhecimento atrasado. Não é isto que queremos. Desejamos mostrar os frutos de uma vida doada e sem a pretensão dos aplausos.
Uma vida, uma história... muito a reconhecer, muito a agradecer. Agradecer a Deus pela firmeza e segurança aprendidas por Dom Alair de sua mãe, Dona Anunciada. A quem tive a alegria de conhecer e a graça de ungi-la nos seus últimos momentos de vida. Agradecer a Deus pelas decisões e definições sempre acertadas e irreparáveis, aprendidas da austeridade de Dom Marcolino.
Agradecer a Deus pelos ensinamentos de quem nos falava com a autoridade de mestre - pois o era, como resultado de uma vida dedicada aos estudos, que o fizeram, entre outros títulos, HONORIS CAUSA da Universidade do Rio Grande do Norte. Agradecer a Deus pelo seu amor para com todos, indiscriminadamente, sobretudo os pequenos e pobres - que o diga o seu relacionamento com Evangelista e Maria Alexandrina (funcionários da sua casa em Amargosa).
Agradecer a Deus pela sua capacidade de não se deixando envolver pelo modelo político dos anos setenta a noventa - era acima das conjecturas da época, não se fazer indiferente às exigências da missão evangelizadora: que falem o MEB, os diversos Sindicatos do Vale do Jiquiriçá e do sertão da Diocese de Amargosa e as nossas inúmeras CEB's. espalhados pelo território diocesano.
Enfim, agradecer a Deus pela vida e pela história de quem, com certeza, na oração, encontrava a força necessária, para nos gestos e atos mais concretos do seu ministério, tudo fazer, sempre lembrando: "ai de mim se eu não evangelizar".
Se vivo estivesse seriam mais que cem anos. Mas os santos não morrem. Louvemos a Deus pela vida deste homem santo e pala certeza da sua eternidade no colo de Deus.