ARTIGO: Religiões no Brasil (censo 2022): análise e reflexão
- pascom9
- 19 de jun.
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Padre José Freitas Campos Do clero da Arquidiocese de Natal
Os dados do Censo 2022 mostram que, o campo religioso no Brasil, continua dinâmico e com uma crescente diversificação e pluralização do quadro das religiões no país. Dados anteriores, já desenhavam uma tendência de mudança na hegemonia do catolicismo no Brasil, isso significa que o número de católicos vinha diminuindo. O Censo nos mostra que novos atores começaram a aparecer, bem como, outras religiosidades e os que se declaram sem religião. Contudo, o Brasil segue majoritariamente cristão, apesar de um estado laico e plural.
O catolicismo ainda é a expressão religiosa maior em todas as regiões do país com sua concentração na região do nordeste (63,9%). Quanto ao declínio católico é preciso considerar as mudanças sociais (migração do campo para as grandes cidades – mudança de mentalidade; mudança geracional; alterações nas formas como as pessoas praticam a sua fé...). Para conter o declínio, a Igreja Católica reagiu, ou seja, verifica-se que o catolicismo no Brasil busca modernizar sua linguagem e suas formas de comunicações. É importante recordar a visita do Papa Francisco ao Brasil, em 2013, que teve positiva repercussão do ponto de vista de agregar mais fiéis à Igreja, sobretudo os jovens, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. O que revelou a proximidade do Papa para com as pessoas. Partiu do Vaticano a realização do Sínodo para a Amazônia tendo em vista uma região que mais vem perdendo fiéis católicos. Por outro lado, um avanço conservador na política e em outras áreas da vida pública pode ser observado entre fiéis deste grupo religioso. No entanto, a Igreja Católica continua com o seu protagonismo na vida social brasileira prevalecendo no imaginário cultural, nos calendários litúrgicos e cívicos e nas principais tradições nacionais.
Tratando-se da realidade do estado do Rio Grande do Norte/RN, especificamente, a Arquidiocese de Natal/RN, podemos afirmar que a presença da Igreja na sociedade norte-rio-grandense sempre foi marcante e significativa. Historicamente podemos lembrar o Movimento de Natal, que ainda hoje colhemos frutos de um longo trabalho na formação das comunidades eclesiais de base, na educação política e no protagonismo laical. Contudo, os números trazem para nós um questionamento que nos leva não somente a reflexão, mas a pensar novos caminhos pastorais. É preciso rever as nossas metodologias para melhor anunciar o Evangelho de Jesus Cristo. Em tempos difíceis, precisamos de uma Igreja cada vez mais de portas abertas, acolhedora, missionária, samaritana e sinodal. Que os padres sejam presenças ativas no seio da comunidade.
A nossa realidade pastoral, da Igreja que está em Natal/RN, deve continuar dinâmica e atenta às mudanças culturais e sociais que exigem novas estratégias para se manter viva e presente na sociedade. Os dados do Censo 2022, devem, portanto, nos fazer refletir práticas que correspondam aos desafios dos tempos atuais.