top of page

ARTIGO - O Sínodo Arquidiocesano


Por Pe. Matias Soares Pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório - Conj. Mirassol - Natal


A Arquidiocese de Natal prepara-se para viver o seu primeiro Sínodo Arquidiocesano. Com o magistério do Papa Francisco, temos a oportunidade de sair das prerrogativas mais institucionais e aprofundarmos o sentido deste momento, numa perspectiva voltada à comunhão, participação e missão de todo o povo de Deus (cf. LG, cap. II). É o sacerdócio comum dos fiéis que passa a ser a base do estilo sinodal. O método terá na prática da ‘escuta’, o caminho a ser seguido. Todos os batizados serão convidados a fazer parte do processo. A relação motivada pela conversão pessoal e pastoral, à luz do Evangelho, precisa afetar a todos: batizados, ministros ordenados e consagrados. O olhar acontece desde dentro para fora. Os referenciais teológicos, principalmente os que estão contidos na Lumen e Gentium e na Gaudium et Spes devem perpassar todas as construções que dependerão de uma justa hermenêutica para serem legitimadas eclesialmente.


Algumas questões que precisamos colocar já no início dos trabalhos do Sínodo, considerando o patrimônio histórico e eclesial da nossa amada Arquidiocese, são as seguintes: Qual o rosto pastoral da nossa Igreja Particular? Que percepções de conjunto nós temos acerca da nossa realidade sócio-política, econômico e religiosa? Quais as categorias que queremos alcançar com o nosso ‘agir pastoral’? Onde estão os que não estão conosco? Como as nossas estruturas estão interagindo internamente e no contato com a cultura Hipermoderna? Os nossos ‘recursos humanos’ estão preparados para uma leitura adequada dos ‘sinais dos novos tempos’? O clericalismo, o autoritarismo e o abuso de poder estão a direcionar as nossas atitudes eclesiásticas? A nossa Eclesiologia está em sintonia – no nosso modo de vestir, falar e agir – com as inovações do Concílio Vaticano II e as Conferências Latino-americanas? A nossa presença nas periferias – prostitutas, drogados, favelas, meios de comunicação, condomínios, novas formas de vida familiar, instituições, os indigentes, LGBTQs, assentamentos etc – geográficas e existenciais condiz com o que o Papa Francisco propõe na Alegria do Evangelho? Temos consciência que estamos imersos num secularismo marcado pelo indiferentismo e um ateísmo crescentes? As nossas tentativas de apelo ao subjetivismo desencarnado – exotérico – ou um sacramentalismo de conservação são condizentes com os apelos e desafios duma ação pastoral mais missionária? O Sínodo da nossa Igreja Local – a Arquidiocese – deve ter um olhar focado para estes dilemas que não podem ser relegados à negação de necessárias respostas.


Iluminados pelas palavras do Papa Francisco que falando aos participantes da sessão plenária da Comissão Teológica Internacional afirmou que “hoje, realmente, em um mundo complexo e muitas vezes polarizado, tragicamente marcado por conflitos e violências, o amor de Deus que se revela em Cristo e que nos é dado no Espírito, torna-se um apelo dirigido a todos, para que aprendamos a caminhar na fraternidade e a ser promotores de justiça e de paz. Só assim poderemos lançar sementes de esperança onde quer que vivamos” (cf. Discurso, 28/11/24). Rezemos e nos empenhemos para que o nosso Sínodo seja uma bússola para nos situarmos historicamente e eclesialmente. Assim o seja!

bottom of page