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ARTIGO - Na inundação da informação


Diác. Eduardo Wanderley Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal


No início de 2024 havia 188 milhões de usuários da Internet no Brasil (Report Digital Brazil, 2024). Também batemos a marca de 144 milhões de usuários de redes sociais. São números expressivos! Mas nos chama ainda mais atenção o fato do brasileiro usar, em média, 9h13 de conexão digital por dia. A nossa pergunta é: e agora, para onde vai a evangelização?


Há pouco mais de 20 anos, São João Paulo II intitulou sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais - DMCS 2002 - de "Internet: um novo foro para a proclamação do Evangelho". Num mundo em profundas transformações, não apenas a Igreja, mas toda raça humana mudou seus hábitos de comunicação. Hoje podemos dizer que essa migração para o digital provocou uma inundação de informações nunca antes experimentada pela humanidade. E trata-se de uma inundação veloz, inimaginável!


Nesse contexto, o aclamado filósofo Byung-Chul Han, em sua obra intitulada 'No Enxame', mostra que essa inundação nos pega desprevenidos. Lembra da chegada do filme/cinema e da fotografia e o impacto sobre a pintura. Lembra também do psicólogo britânico David Lewis, que cunhou o termo 'Síndrome da Fadiga da Informação' para uma enfermidade causada pelo consumo excessivo de informações. Nesses termos, parece que temos uma pandemia. O mundo está adoentado. O desafio que o filósofo enfrenta ainda é que a massa de informação não consegue ser absorvida nem filtrada pelo homem comum. Aproveito para acrescentar que isso induz conclusões a partir de títulos, de manchetes. Com isso, notícias falsas ganham cada vez mais espaço entre nós. A massa de informação não produz luz na escuridão, mas apenas sombras. São fantasmas das verdades que nos rodeiam, a uma quantidade e velocidade que nos desarma.


As universidades e institutos de pesquisa já perceberam que uma avaliação de qualidade de trabalhos acadêmicos não está mais centrada na quantidade de artigos produzidos pelo pesquisador, mas no impacto que a pesquisa provoca em seus pares do mundo da ciência.


É hora de olharmos também para nós. Nos tomamos um player no mundo das comunicações. Diria mesmo, um player como os demais. Precisamos agora olhar para o impacto que nossos escritos/vídeos, nossas mídias em geral, tem produzido e a qualidade da conversão nas pessoas, fim último do Evangelho. Estamos plantando sementes de cristãos para terem medo do mundo ou para enfrentarem o mundo evangelizando? Estamos plantando cristãos-luzes para escuridão ou luzes para os já iluminados?


O Papa Francisco nos adverte em sua mensagem para o DMCS 2024: "Neste tempo que corre o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade, a nossa reflexão só pode partir do coração humano". É esse humanismo novo do Papa Francisco que deve nos guiar. Na inundação das informações, a barca de Pedro é o lugar seguro para alimentar a fé. Os nossos esforços devem se voltar para o essencial-eficaz. Não basta informar, é preciso evangelizar.

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