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ARTIGO - Não compactue com a destruição da “Obra de Deus”

Diác. José Bezerra

Assistente eclesiástico da Pastoral da Comunicação


Você, certamente, já ouviu a expressão “quanto pior, melhor”. Parece uma contradição, mas não é, principalmente considerando-se que há pessoas que enriquecem e crescem tirando proveito das situações ruins e até mesmo criando tais situações para delas lucrar, de alguma forma. Nos dias atuais temos, infelizmente, alguns exemplos que apontam bem a atualidade da expressão.


Um primeiro deles vem da campanha política de São Paulo. Em dois debates houve atos de violência, frutos de provocações verbais de um dos candidatos a concorrentes. Vazio de propostas ou programas de governo, tal candidato engendra a “armadilha” com provocações e os adversários ou algum dos assessores, indignados, partem para o ato violento. E tudo isso transmitido, ao vivo, pelos canais de TV. Convenhamos, é a pior reação, porque os desqualifica como quem pretende gerir uma cidade e, ao mesmo tempo, dá visibilidade ao adversário. São atos insensatos, de parte a parte.

Com tais atitudes – provocações e reações violentas – os candidatos demonstram falta de preparo para os cargos que disputam, falta de respeito para com os telespectadores e falta de respeito para com os eleitores.


Como cristão, você deve exercer seu direito de cidadão e no dia da eleição escolher os melhores gestores e legisladores para gerir sua cidade por um mandato de quatro anos. Ninguém deve se eximir deste dever, sob pena de não poder, posteriormente, cobrar com legitimidade as soluções para os problemas de sua cidade. Se votou e escolheu, você exercerá, com autoridade e competência, o seu direito de exigir melhorias nos campos da saúde, educação, saneamento básico, assistência social aos indigentes, limpeza das vias públicas e projetos de melhoria das condições de vida de pessoas carentes, entre muitos outros benefícios.


Outro exemplo bem claro da expressão “quanto pior, melhor” está relacionado com o meio ambiente. Neste ano, muito mais do que em anos anteriores, houve quem, literalmente, “ateou fogo no Brasil”. Inúmeras queimadas foram mostradas pelos telejornais nos principais biomas brasileiros. E o que isso tem a ver com o “quanto pior, melhor”? Tem muito, sim senhor! Boa parte dos incêndios ocorreram em reservas nacionais de preservação de árvores raras, além da fauna que tem nelas o seu habitat natural.


E o que pretendem os incendiários? Apossar-se de terras da União para desenvolver o agronegócio, gerido por gente altamente gananciosa e que não está nem aí para os danos à fauna e à flora, e ganhar muito dinheiro. São, literalmente, “criminosos ambientais”, que se escondem por traz de sua opulenta riqueza, porque paga a algum pobre coitado para “tocar fogo” nos biomas. Você, como cristão, não pode jamais concordar com tal procedimento e nem se omitir, se presenciou tal ato insano.

Afinal, tudo o que se tem de bens da Natureza foi um presente de Deus. “Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas que deem frutos segundo a sua espécie... E Deus viu que isso era bom”(Gn 1,11-12). Não se pode destruir a “Obra de Deus”. Mas a ganância do ter está levando alguns a praticar uma “obra destruidora”. O cristão não pode se calar diante desta devastação. E há os que não se calam.


Veja quanta riqueza de significados tem este poema do Professor e Poeta Francisco Morais (Chico Morais, como ele o assina): “Eu queria de volta as garaúnas/ A cantar de manhã nos coqueirais/ Vacaria urrando nos currais/ Sabiá solfejando em baraúnas/ Sanfoneiro a puxar sua riúna/ Num forró animado em minha terra/ A casinha de vovó no pé da serra/ O estrondo majestoso do trovão/ A soar entre serras do sertão/ Que o ronco infeliz da motosserra”.

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