Diác. José Bezerra de Araújo
Assistente eclesiástico da Pascom
O Papa Francisco, num encontro com integrantes da Associação Italiana contra as Leucemias, Linfomas e Mieloma, fez uma afirmação que deveria ser o “mote” de vida de todos os cristãos e todas as pessoas de boa vontade. O Santo Padre afirmou que “As pessoas que trazem um pouco de luz aos doentes são ‘doadores’. A lógica da doação é o principal antídoto para a cultura do descarte. Toda vez que alguém doa, a cultura do descarte é enfraquecida”. A entidade, que comemora 55 anos de fundação, além de financiar a pesquisa, oferece acolhimento a pacientes e familiares de pessoas atingidas pelas leucemias, linfomas e mieloma.
Imagine-se você como paciente de alguma enfermidade, tendo necessidade de se submeter a exames, tratamento especializado de longa duração e não dispor de recursos para tais procedimentos e nem de pessoas para acompanhá-lo. Só quem já viveu este verdadeiro pesadelo na vida sabe o valor da ajuda de alguém. O Papa Francisco, assim como muitos que já passaram por situações como essa, sabe o real valor de tais ajudas e a alegria de saber que tem alguém que se dispôs a ajudar. Quem se dispõe a ajudar alguém é uma pessoa feliz, como está escrito nos Atos dos Apóstolos: “Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e se lembrar das palavras do Senhor Jesus, porquanto Ele mesmo disse: é maior felicidade dar que receber”(At 20,35).
O Santo Padre destacou que ajudar “é um testemunho de solidariedade e proximidade, ainda mais importante em um mundo marcado pelo individualismo”. Certamente Francisco se referia àquela conversa do doutor da lei com Jesus, quando questionado sobre quem é o seu próximo. Jesus, então, conta a parábola do bom samaritano. Depois de ouvir o doutor da lei de que cumpria todos os preceitos, Jesus manda que ele “vá e faça o mesmo”(Jo. 20,25-37).
No encontro com a Associação, o Santo Padre sublinhou três palavras. A primeira é iluminar porque “De fato, a doença muitas vezes mergulha a pessoa e sua família na escuridão da dor e da angústia, gerando solidão e fechamento”; a segunda é dom, “porque essas pessoas que trazem um pouco de luz são os doadores. A lógica da doação é o principal antídoto para a cultura do descarte. Toda vez que alguém doa, a cultura do descarte é enfraquecida”. A terceira palavra que o Papa sugere aos presentes para motivá-los é “nas praças”, ou seja, “pelas ruas”. É o compromisso de não permanecer fechados em seu próprio ambiente e cultivar apenas seus interesses, mas de animar o território, ser um sinal tangível, uma presença visível, nunca invasiva”.
Construir duas esperanças é a recomendação que o Santo Padre faz: “a esperança da cura, sempre, e a esperança da terapia, nas modalidades mais atualizadas”. Francisco recordou São João da Cruz, o grande místico, que dizia: “Na noite da vida, seremos examinados pelo amor”. Então, como cada um de nós será visto na “noite da vida”? Esses flashes da matéria lembram o trabalho em favor das pessoas ditas “moradoras de rua” realizado pelo Pe. Júlio Lancelotti, em São Paulo, e de tantas outras pessoas de boa vontade em vários outros lugares.
Fonte da matéria: https://www.vaticannews.va/pt)