
Diác. Eduardo Wanderley
Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
Plantar com amor, regar com constância e podar com precisão são pressupostos para frutos saborosos e nutritivos. Amor, constância e precisão são atributos também do serviço do bispo em uma igreja particular. Ao completar o primeiro ano de pastoreio na Arquidiocese de Natal, Dom João Santos Cardoso é uma nova primavera para a Igreja local. Mas, para você, para mim, para a comunidade cristã, quem é o bispo?
‘O bispo’ é o titulo de um livro do saudoso cardeal Carlo Maria Martini, a quem, de certa forma, reporto como precursor do atual bispo de Roma, nosso querido papa Francisco. Para Martini, todas as definições de bispo “devem dar conta daquilo que é declarado na Primeira Carta de Pedro, ou seja, que Jesus, por seu sacrifício na cruz, é o verdadeiro pastor e guardião (‘epíscopo’) das nossas almas" (1Pd 2,25). Talvez seja essa a imagem do bispo, o epíscopo do Pai, a ser perseguida por cada eleito ao episcopado e doravante em seu ministério.
Prossegue ainda o cardeal Martini: “Em quem é nomeado bispo surge um sentimento muito forte de responsabilidade e de AMOR por sua nova diocese. Sente no coração que está vinculado a essa nova realidade e deseja servi-la com todas as suas forças. [...] Quanto às noticias que receberá sobre a diocese confiada a ele, poderá recebê-las com prazer ou com temor, mas não lhe faltará a força do Espírito que o impulsiona a dedicar-se ao novo desafio sem se deixar dominar pelo desânimo.” É esta força espiritual que promove a “CONSTÂNCIA”.
Podar com precisão é o último atributo que expresso aqui. Só existe PRECISÃO para quem é próximo. Só tem autoridade quem perpassa a fronteira do ‘saber quem é’ para o ‘conhecer’. O respeito à pessoa, à sua irrepetibilidade, suas virtudes e fraquezas, afasta da autoridade o perigoso autoritarismo. Escuta, escuta e escuta!
Concluo lembrando que o papa Francisco aceitou o convite para escrever um texto de continuação do livro ‘O bispo’, de Martini. A obra ganhou em português, uma encadernação conjunta e foi publicada sob o título: “O bispo, o pastor: autoridade na Igreja é servir”. Ambos jesuítas, guardam semelhanças e mantêm atualizadas as reflexões sobre o papel do bispo na comunidade cristã.
Com gratidão, dedico essas palavras a Dom João Santos Cardoso, nosso arcebispo, que nos encoraja sempre à colaboração no seu ministério e nos faz prosseguir para águas mais profundas. Que suas inspirações nos ajudem, enquanto Igreja local, a sermos cristãos do século XXI. Que seus desafios sejam vencidos, um a um, na paciência e na caridade. Que seus projetos sejam abraçados com amor e que seu pastoreio produza frutos em abundância.