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ARTIGO - Advento: tempo de esperança e de graça

  • pascom9
  • 2 de dez. de 2024
  • 4 min de leitura

Por Pe. Paulo Henrique da Silva

Diretor de estudos do Seminário de São Pedro


O Ano Litúrgico da Igreja tem início, a diferença do Ano civil, no Tempo do Advento, que se dá no final do mês de novembro. O final do Ano Litúrgico acontece no 34º domingo do Tempo comum, no qual celebramos a Solenidade de Cristo Rei do universo. O Tempo do Advento, que vai até o dia 24 de dezembro (antes da celebração da Missa da vigília), tem Prefácios próprios, indicados pelo Missal Romano. Assim, começaremos a nossa reflexão sobre a teologia das Orações Eucarísticas pelos Prefácios do Advento.

O Tempo do Advento, tempo de preparação para o Natal, nele celebramos a vinda de Cristo, salvador, contemplamos a figura de João Batista e a de Maria, a nova Eva. Neste Tempo a Igreja, no diálogo com o Pai pela entrega de amor que ele faz de seu Filho, diálogo que se manifesta na Oração Eucarística, proclama a verdade e o sentido da Encarnação do Verbo: Ele [Jesus] veio revestido de nossa fragilidade, isto é, veio na nossa carne, e o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). A vinda de Cristo, uma primeira vez, acontecida no seio da virgem Maria, trouxe para a humanidade a revelação divina: para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação (Prefácio do Adento, I). O eterno plano de amor, eis o significado da Revelação divina. A Igreja é consciente dessa verdade e a celebra na Eucaristia. De fato, ela reconhece em sua doutrina: “Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef 1,9), mediante o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso no Espírito Santo ao Pai e se tornam participantes da natureza divina... (cf. Cl 1,15; 1Tm 1,17), no seu imenso amor, fala aos homens como a amigos (cf. Ex 33,11; Jo 15,14-15) e conversa com eles (cf. Br 3,38), para os convidar e admitir a participarem da sua comunhão” (CONCÍLIO VATICANO II, Constituição dogmática sobre a Revelação divina Dei Verbum).


            Essa comunhão que acontece já neste mundo, com a participação na Igreja, corpo místico de Cristo, faz que reconheçamos que Jesus “vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de seu Reino” (Prefácio do Advento, I A).

No Advento, tempo de preparação do Natal, a Igreja nos faz refletir sobre a vinda de Cristo, Filho eterno de Deus. A primeira vez Ele veio na humildade de Belém, quando nasceu da virgem Maria. A segunda vez no dia e na hora ocultos por Deus. Mas, entre a primeira e a segunda, que será definitiva, ele vem na Igreja, isto é, presente em cada pessoa humana (MISSAL ROMANO. Prefácio do Advento, I A). E nós o esperamos, pois, “naquele tremendo e glorioso dia, passará o mundo presente e surgirá novo céu e nova terra” (Prefácio do Advento, I A).


Na primeira vez, vindo na nossa humilde carne, Ele, “que os profetas predisseram, a Virgem esperou com amor de mãe, João Batista anunciou estar próximo e mostrou presente no mundo” (Prefácio do Advento, II). Esta primeira vez nós a celebramos no tempo do Natal, quando na noite do dia 24, acolhemos o convite do anjo, outrora feito aos pastores: Nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! (Lc 2,11). E celebrar o Natal nos coloca dentro do seu mistério, “a fim de encontrar-nos vigilantes na oração e celebrando exultantes os seus louvores” (Prefácio do Advento, II).


                O tempo do Advento, tempo mariano por excelência, é ocasião para louvar, bendizer e glorificar a Deus pelo mistério da virgem Maria, a nova Eva (cf. Prefácio do Advento, II A). De fato, quando celebramos o Natal do Senhor, celebramos a encarnação do Verbo, celebramos a maternidade divina de Maria. A Igreja reconhece que se “do antigo adversário nos veio a ruína, mas do seio virginal da Filha de Sião, germinou aquele que nos alimenta com o pão do céu e brotaram para todo o gênero humano a salvação e a paz (Prefácio do Advento, II A). O plano de amor de Deus, revelado e realizado em Cristo (cf. Prefácio do Advento, I), se manifesta em Maria. Ela é a nova Eva: “nela é-nos dada de novo a graça que por Eva tínhamos perdido” (Prefácio do Advento, II A). No mistério de Cristo, nascido de Maria, vemos apresentada a realidade da divina misericórdia que é bem maior que a nossa culpa. Celebramos a fé da Igreja que reconhece com São Paulo: “onde, porém, se multiplicou o pecado, a graça transbordou” (Rm 5,20).


            Assim, prontos para celebrarmos o Natal, podemos cantar alegres: Gloria in excelsis Deo! (Lc 2,14). Glorificamos o bom Deus e Pai por nos ter dado Jesus Cristo, nascido da virgem Maria, por obra do Espírito Santo, Ele que nos faz participantes da comunhão de vida eterna com Deus, Pai de Jesus Cristo e nosso Pai (cf. Jo 20,17).

 

 
 
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