Diác. Eduardo Wanderley Paróquia de São Camilo de Léllis - Lagoa Nova - Natal
A frase-título desse artigo foi proferida pela professora Silvia Matos/IFRN em um encontro informal com colegas e alunos. Parece paradoxal que numa instituição de ensino se possa afirmar sobre a importância do não saber. Mas há tanta beleza na frase que merece nossa atenção para além da literalidade. Todo líder religioso deve se perguntar sobre isso.
O pe. Zezinho fala sobre idades cronológicas na canção Coragem de Sonhar. 15, 20 e 30 anos.... Nos 20 anos, temos uma resposta engatilhada para qualquer pergunta. E essa resposta é tão significativa e única para o jovem sonhador que ele briga para torná-la verdade universal. É a fase da autoafirmação.
A nossa sociedade é a sociedade da resposta. Precisamos todo tempo de respostas e respostas postas, que vêm prontas. Prêt-à-porter! Mas o que há de mais precioso para o homem é a pergunta. A pergunta dessas que nos tocam a alma. As perguntas fundamentais, como chama o cardeal português José Tolentino. A pergunta é superior à resposta, parodiando o Papa Francisco em Evangelii Gaudium.
Como líderes espirituais dentro desse contexto social, especialmente quando jovens, afiados nas teologias, ou como outros líderes com seus saberes próprios, podemos facilmente cair na armadilha do tempo e apresentar respostas que satisfazem imediatamente o homem, mas são, em verdade, mais uma satisfação social e uma tentativa de manutenção do status quo do uma resposta aberta e viva, cheia de vigor.
É libertador para nós saber que não sabemos. Nos tira o peso de nossas funções sociais, ao mesmo tempo que o vazio do não saber nos impulsiona para o aprender. Se não sei, procuro saber. E nesse caminho descubro que, apesar de achar a resposta para o procurado, acharei muito mais perguntas. A porta da boa resposta sempre abre muitas janelas de boas perguntas.
É preciso, pois, saber com sabor e abertura de alma para os tantos saberes. Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais, afirma que não é o muito saber que sacia e satisfaz a alma, mas o sentir e saborear as coisas internamente. Que tenhamos a humildade do não saber e a sabedoria do saber com sabor.
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