Dom Jaime Vieira Rocha
Administrador apostólico da Arquidiocese de Natal
Prezados/as leitores/as!
O mês de agosto é o mês vocacional. Esse ano com um sentido todo especial: estamos vivendo, desde novembro passado, o 3º Ano Vocacional, com o tema: “Vocação, graça e missão” e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33).
É sempre prazeroso falar de vocações. “Toda pastoral é vocacional, toda formação é vocacional, toda espiritualidade é vocacional” (PAPA FRANCISCO. Exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit, n. 254). Papa Francisco e, com ele, o Ano Vocacional, almejam uma cultura vocacional, onde todos os católicos se sintam vocacionados, isto é, chamados ao discipulado de Jesus Cristo. Viver esse discipulado é a realidade própria de todos os batizados e batizadas, tanto os ministros ordenados como os leigos e leigas. Somos vocacionados, como somos discípulos missionários. As vocações especificas na Igreja existem para o serviço de dedicação maior de uns para com os outros. Não se trata de uma diferença de maior ou menor importância, e menos ainda, de considerar uns superiores a outros.
Quando falamos de vocação, lembramos, em primeiro lugar, da vocação transcendental e escatológica da criação toda (Leonardo Boff). Ela quer dizer: “a vocação que se apresenta como a derradeira (escatológica) e que transcende (transcendental) as vocações e os fins imediatos e penúltimos que ela posse ter” (Leonardo Boff. O destino do homem e do mundo, p. 34. Vozes, Petrópolis). Há a vocação transcendental e escatológica do homem, ponto culminante da criação. O ser humano é invocado a ser totalmente ele mesmo na realização de todas as capacidades que latejam dentro de sua natureza. Ele é constituído como um nó de relações voltado para todas as direções: para o mundo, para o outro e para o Absoluto, que nós chamamos Deus, o Deus de Jesus Cristo (Leonardo Boff).
É importante essa consideração, tiradas do teólogo brasileiro, para que entendamos as vocações especificas, dentro da Igreja, como meios de realização da vocação transcendental e escatológica, tanto da criação quanto do homem e da mulher. E, de fato, há um grande apelo da Igreja, hoje, para que a vocação seja vivida nessa relação entre a criação e o homem, relação estabelecida pelo próprio Deus. A outra relação, a que algumas vocações especificas estão bem cimentadas, é a relação com o outro, intimamente unida às relações com o mundo e com Deus. Por causa dessa relação, entendemos que toda experiência vocacional leva a uma vivência do ser-para-os outros: é a pró-existência de Cristo que faz de todos os discípulos homens e mulheres que vivem para os outros.
Sobre a vocação como união com Deus sabemos que esse é destino de todo ser humano. E por causa disso, as vocações específicas encontram todo o seu sentido. Na verdade, encontramos em Deus a origem de toda vocação transcendental e escatológica: a criação e o homem encontram em Deus o sentido de ser.
Vivendo o mês vocacional a Igreja celebra todas vocações. Que essa celebração incuta em todos os agentes de pastoral uma verdadeira cultura vocacional. Assim, reconhecendo que elas se alicerçam na própria condição criada por Deus, elas se unam na experiência da sinodalidade, característica essencial de todas as vocações.
Todas as vocações serão lembradas, rezadas e celebradas neste mês de agosto: a vocação presbiteral, no primeiro domingo, com o “Dia do Padre”, a vocação ao matrimônio, no segundo domingo, com o “Dia dos Pais”, a vocação à vida religiosa, no terceiro domingo, dia dos religiosos e religiosas, e a vocação dos leigos e leigas, com o dia do catequista, no quarto domingo. Bom mês vocacional para todos!
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