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Acolhimento no luto: apoio familiar e prática religiosa contribuem para ressignificar a vida

Respeito, empatia, participação em grupos e vivência religiosa promovem suporte significativo a quem convive com a ausência de um ente querido


Por Danny Nunes - Jornalista


A experiência de conviver com a perda de alguém provoca uma das dores mais intensas, que é a dor do luto. Culturalmente, a sociedade tem pouco preparo para lidar com perdas que, independente da nossa vontade, fazem parte da existência de qualquer ser humano. Assim, quando ocorre a morte de uma pessoa, aqueles que ficam realizam um grande esforço para encarar o sofrimento, dar sentido ao acontecimento e enfrentar o novo jeito de viver.


O processo de luto é considerado uma condição indispensável para a retomada da vida. Entretanto, esse processo, por vezes, não é uma tarefa fácil. Isso porque, o luto é individualizado e não há um tempo determinado para superá-lo. Profissionais e religiosos destacam que é importante permitir, acolher e respeitar o tempo e espaço para passar por todas as etapas e buscar apoio quando necessário.



Pe. Antônio Roberto Gomes (Foto: Setor de Comunicação da Arquidiocese)

Para a Igreja Católica Apostólica Romana, o luto pode ser encarado como uma forma de engrandecimento espiritual. Segundo o vigário paroquial da Paróquia de Santo Afonso em Mirassol, Natal/RN, Pe. Antônio Roberto Gomes de Lima, a Igreja ensina que na passagem pelo momento de dor a pessoa tem a oportunidade, a sensibilidade de olhar para si mesma e se autoavaliar. “É na vivência da Páscoa definitiva, no qual o ser humano se encontra consigo. Ao passo que se vive a dor da separação física de alguém que amamos, a fé faz com que a gente volte a olhar para nós mesmos. Momento em que observamos mais atentamente as nossas próprias condutas, os pensamentos, atitudes, enquanto ser humano, e verificar o que está sendo correspondido ou não na sua vivência cristã”, ressalta Pe. Antônio Roberto, que no mês de abril perdeu seu pai em razão de complicações em um procedimento cirúrgico e teve insuficiência respiratória.


Como filho único, Pe. Antônio Roberto precisou ficar mais próximo de sua mãe. “Eram apenas os dois dentro de casa. Então, a minha conduta amparada pela fé e pela força de Deus, é a certeza de que preciso transmitir essa força para a senhora minha mãe. Para que ela possa passar por esse momento, se sentindo acolhida, e contando com minha assistência e presença”, afirma.


Com práticas de fé, compaixão, solidariedade e empatia é possível enfrentar o luto de forma mais abrandada. Ao se deparar com alguém em processo de luto, os profissionais da psicologia e dirigentes espirituais orientam se faltar palavras e argumentos, mas se o intuito é o de colaborar, muitas vezes um abraço ou apenas o dizer para pessoa, ‘olha eu estou aqui, conte comigo’ gera fortaleza e acalanto.

O profissional da área de marketing, Kleyson Andrey Galvão Oliveira, de 29 anos, é cliente do Sempre, da empresa Vila, desde 2008. Andrey conta que a sua família nunca havia utilizado os serviços de assistência até a chegada da pandemia. De forma muito inesperada, a família perdeu quatro parentes, em menos de um ano, que contraíram covid-19 e tiveram complicações em decorrência da doença.


Assimilar a sequência de perdas familiares se tornou um grande desafio, mas foi possível encarar as despedidas graças às pessoas à sua volta, que também vivenciaram o luto e se apoiaram mutuamente. “Nossa família é bastante unida, e nos permitimos viver estes momentos juntos. Entre os entes que faleceram estavam meu tio-avó e um primo, e necessitamos de traslados para as cidades de Monte Alegre e São José de Mipibu, e pudemos dividir nossas tristezas indo até as cidades onde eles residiam. Vivemos dias muito difíceis, mas contamos com um suporte imensurável da equipe do Sempre”, relata.

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